Leishmaniose em humanos: Hospital São José orienta sobre transmissão, diagnóstico e tratamento

8 de agosto de 2025 - 16:35 # # # # #

Allane Marreiro - Ascom HSJ - Texto
Imagens de arquivo - Fotos


O transmissor da leishmaniose é o flebotomíneo (mosquito-palha). No Ceará, a espécie predominante é a Lutzomyia longipalpis

Em virtude da Semana Nacional de Controle e Combate à Leishmaniose, que envolve o dia 10 de agosto, o Hospital São José de Doenças Infecciosas (HSJ), equipamento da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), reforça a população cearense sobre a importância do diagnóstico, tratamento e prevenção doença. A leishmaniose é transmitida pela picada de mosquitos infectados. Contudo, não se trata de mosquitos comuns, mas, da picada da fêmea do inseto flebotomíneo, popularmente conhecido como mosquito-palha, que possui como característica principal as asas cobertas por pelos.

Ao picar animais reservatórios da doença, como cães e roedores, e, posteriormente, picar seres humanos, o mosquito-palha pode transmitir leishmaniose. É importante ressaltar que a transmissão não ocorre por contato direto com animais infectados, mas exclusivamente por meio da picada do mosquito vetor.

Segundo o médico infectologista do HSJ, Luís Arthur Brasil, existem duas formas principais de leishmaniose: a leishmaniose visceral, também conhecida como calazar, e a leishmaniose tegumentar americana. “A leishmaniose visceral tende a ser mais grave, pois compromete múltiplos órgãos e sistemas, como o fígado, o baço e a medula óssea, podendo causar sintomas generalizados. Já a leishmaniose tegumentar, por sua vez, tende a ser menos severa, sendo classificada em quatro formas: a leishmaniose cutânea localizada, a mucocutânea, a disseminada e a difusa aguda. A forma mais comum é a localizada, que geralmente apresenta um quadro leve, com resolução espontânea e tratamento simples”, explica.

 

O infectologista do HSJ, Luís Arthur Brasil, informa que existem duas formas de leishmaniose: a tegumentar e a visceral

A leishmaniose visceral pode apresentar febre irregular e prolongada, anemia, indisposição, palidez da pele ou das mucosas, falta de apetite, perda de peso e inchaço do abdômen devido ao aumento do fígado e do baço. Por outro lado, a leishmaniose tegumentar pode causar lesões cutâneas na pele ou nas mucosas (oral, nasal ou genital), a depender do tipo de espécie de protozoário envolvida. A doença começa a se manifestar com uma ferida, com borda elevada, que não causa dor.

A leishmaniose, tanto na sua forma cutânea (tegumentar) como na visceral, pode afetar qualquer indivíduo, entretanto, alguns grupos podem desenvolver formas mais graves da doença. “Pessoas com o sistema imunológico comprometido, como aquelas vivendo com HIV/aids, transplantadas, usuárias de medicamentos imunossupressores (imunobiológicos e corticoides), ou em estado de desnutrição, apresentam maior risco de agravamento do quadro”, destaca o infectologista.

Diagnóstico e tratamento

No estado do Ceará, em 2024, foram registrados 221 casos de leishmaniose visceral e 716 casos de leishmaniose tegumentar. Já neste ano, até agosto de 2025, foram diagnosticados 147 casos de leishmaniose visceral e 232 casos de leishmaniose tegumentar.

De acordo com a Coordenadora de Vigilância Epidemiológica e Prevenção em Saúde (Covep) da Rede Sesa, Ana Cabral, os dois tipos de leishmaniose tem o diagnóstico e o tratamento oferecidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou, com encaminhamento, quando necessário, para Unidades Hospitalares de referência.

“Para a leishmaniose visceral existe o Teste Rápido Imunocromatográfico, que pode ser usado em casos suspeitos que apresentem sintomatologia clínica. Já na ocorrência de lesões sugestivas de leishmaniose tegumentar, o método utilizado para diagnóstico laboratorial no estado do Ceará consiste no teste parasitológico direto por meio da escarificação do bordo da lesão. O diagnóstico pode ser realizado em qualquer UBS ou Unidade Hospitalar que tenha profissional habilitado. Caso não tenha esse profissional, recomenda-se encaminhar o paciente ao Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), em Fortaleza, para a realização do exame”, explica Ana Cabral.

Em caso de necessidade de internamento ou acompanhamento ambulatorial, o Hospital São José é a unidade de referência da rede estadual em doenças infecciosas para o tratamento gratuito disponível no Sistema Único de Saúde (SUS).

 O serviço de emergência está disponível para pacientes com suspeita ou confirmação de leishmaniose visceral ou tegumentar.

Prevenção

A melhor forma de evitar as leishmanioses é prevenir a picada e proliferação do inseto transmissor flebotomíneo, o mosquito-palha. Ações simples, como evitar o acúmulo de matéria orgânica (folhas, fezes, restos de comida) mantendo o quintal limpo; utilizar telas de malha fina em portas e janelas; instalar mosquiteiros de malha fina ao redor das camas; usar repelentes nas áreas expostas da pele, especialmente no fim da tarde e a noite, bem como roupas de manga longa e calças compridas em áreas de mata ou com ocorrência de casos, ajudam a prevenir as leishmanioses.

Atuação da vigilância

A vigilância epidemiológica da leishmaniose visceral e da leishmaniose tegumentar, realizada no Ceará pela Rede Sesa, envolve um sistema estruturado que opera em nível estadual e municipal. A Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica e Prevenção em Saúde (Covep) é responsável pelo planejamento, supervisão técnica e monitoramento dos dados epidemiológicos para a vigilância dessas doenças.

“A nível estadual, a Célula de Vigilância das Doenças Transmissíveis e Não Transmissíveis (Cevep) monitora as notificações vinda dos municípios e investiga os casos registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), além de acompanhar as informações da investigação de óbitos no RedCap (vigilância do óbito). Também são realizadas capacitações e oficinas técnicas com o intuito de aprimorar o diagnóstico, o tratamento e o acompanhamento dos casos por profissionais de Saúde”, esclarece Ana Cabral.

Nos níveis municipais, as ações são executadas localmente, com investigação ativa de casos suspeitos e integração com equipes de saúde da família.“Em termos gerais, a vigilância epidemiológica engloba detecção, investigação, coleta e análise de dados humanos (casos e óbitos), além de educação em saúde”, finaliza a coordenadora da Covep.