Serviço de Verificação de Óbitos do Ceará realiza as primeiras captações de córneas em parceria com Hospital Geral de Fortaleza
18 de agosto de 2025 - 14:06 #Captações #Córneas #HGF #parceria #SVO
Marcela Belchior - Ascom Sesa - Texto
Filipe Dutra e Divulgação SVO - Foto
Parceria entre SVO e HGF fortalece serviço de captação de doação de córneas
O Serviço de Verificação de Óbito Dr. Rocha Furtado (SVO), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), realizou, neste mês de agosto, as primeiras captações de doação de córneas após firmar parceria com o Banco de Olhos do Hospital Geral de Fortaleza (HGF).
Os equipamentos haviam firmado um trabalho conjunto através da Portaria nº 363, em 2024, que definiu que todos os óbitos encaminhados para o SVO a partir de hospitais ou residências passariam a contar com uma equipe do Banco de Olhos do HGF para captação do tecido, após entrevista e aprovação por parte da família.
A ação de captação foi possível após a equipe de Serviço Social do SVO passar por treinamento ministrado pela equipe do HGF para protocolos de avaliação médica e entrevista social. Na prática, os profissionais foram preparados para atuar em possíveis situações de doação de córneas.
A enfermeira do Banco de Olhos do HGF, Hanna Gadelha, avalia a importância dessa preparação. “Tudo foi feito com muito cuidado para identificar os processos, validar os fluxos, criar protocolos. Houve reuniões e capacitações. Iniciamos esse projeto de estimular situações porque o processo de doação é algo muito específico, e era tudo muito novo para o SVO”.
Treinamento e etapas da doação
A primeira etapa da capacitação envolveu identificar um potencial doador através do levantamento de seu histórico clínico, social e físico para verificar a existência de contraindicações e confirmar se ele é elegível ou não, levando em consideração a legislação que orienta a prática. “Essa triagem do doador é uma etapa muito importante porque, é preciso zelar pela qualidade desse tecido”, explica Hanna.
Atendendo às especificações, a equipe passa à etapa de entrevista familiar, que oferece aos parentes do possível doador todas as informações relativas ao processo. “A entrevista familiar requer habilidade de sensibilidade, de comunicação e de conhecimento sobre o processo de doação. E existem muitas dúvidas, mitos e tabus sobre a doação de órgãos e tecidos. A equipe tem que explicar todo esse processo”, explica a enfermeira.
Se a família aceita realizar a doação, ela assina um termo de autorização. Somente a partir desse momento é que se dá o início do procedimento médico de captação da córnea, que inclui o deslocamento da equipe, a realização de exames físicos no corpo do doador e a efetivação da retirada do material que irá compor o Banco de Olhos.
“Todo esse processo tem que ser muito ágil porque, após o óbito, temos até seis horas para realizar a captação. Ao mesmo tempo, é um processo delicado e rigoroso, com o objetivo de oferecer o melhor tecido”, ressalta Hanna. “Esse tecido de melhor qualidade é importante para que o receptor tenha sucesso no transplante”, justifica.
Equipe do SVO que atuou na primeira captação de córneas fruto da parceria com o HGF
Acolhimento e informação
A assistente social Valglécia Bezerra, que integra o setor de Serviço Social, Regulação e Equipe Móvel do SVO, explica que, diante desse processo, o profissional dessa área é quem atua como o elo entre a equipe técnica e a família do possível doador. “Nosso papel, como assistente social, é acolher, orientar, esclarecer dúvidas, garantindo que todas as informações sobre os processos sejam passadas para a família com sensibilidade e respeito — e sempre respeitando seus valores e escolhas”, aponta.
Segundo ela, um dos principais desafios da assistente social na captação de córneas é lidar com o momento de luto da família, que, muitas vezes, só concebe a possibilidade de doação horas após o falecimento do ente. Valglécia conta que, durante a primeira captação realizada pelo SVO, foi de fundamental importância realizar uma abordagem criteriosa junto aos familiares.
“Foi um acolhimento feito de forma sensível e respeitosa. Esse cuidado, aliado ao trabalho integrado da equipe, foi essencial para a assinatura da autorização. Foi um momento marcante e repleto de emoção e gratidão”, narra a assistente social.
A diretora-geral do SVO, Anacélia Gomes de Matos, ressalta a relevância de se fortalecer cada vez mais o serviço de captação e doação de órgãos e tecidos. “É importante para a saúde pública, e não apenas para os cearenses, mas a todo brasileiro, porque tem córneas que a gente consegue inclusive doar para pacientes de outros estados”, destaca.
“Precisamos estimular e elevar a solidariedade para fortalecer a doação, não somente de córneas, mas de todos os órgãos. Com a doação, a gente gera novas vidas, novas esperanças”, afirma a gestora. Do início deste mês até o último dia 14 de agosto, o SVO duas captações de córneas desde a efetivação do treinamento com a equipe.
Ceará como referência em captação e transplantes
O Banco de Olhos do HGF existe desde 2006, ele mantém captação em todos os hospitais que possuem Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT). O HGF é um centro de referência no Norte e Nordeste no transplante de córneas, recebendo pacientes de todo o Ceará e de estados vizinhos. Somente neste ano, o Estado do Ceará já realizou 839 transplantes de córneas.