Vencedores do IX Festival Alunos que Inspiram exibem trabalhos em cerimônia de premiação

21 de agosto de 2025 - 10:17 # # # #

Bruno Mota - Ascom Seduc - Texto
Yuri Martins e Bruno Mota - Seduc - Fotos

O Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Educação (Seduc), realizou nesta quarta-feira (20) a cerimônia de premiação do IX Festival Alunos que Inspiram, iniciativa que visa identificar, valorizar e dar visibilidade à produção artística e cultural dos estudantes da rede pública estadual do Ceará. A solenidade, considerada o momento alto do projeto, foi realizada no Teatro RioMar Fortaleza, com as apresentações dos três melhores trabalhos em cada uma das 15 expressões artísticas avaliadas.

O evento contou com a presença das secretárias da Educação, Eliana Estrela; e da Juventude, Adelita Monteiro, além dos 98 estudantes artistas vencedores. Estiveram presentes, ainda, na plateia, cerca de 1.800 alunos, professores e técnicos educacionais, durante os turnos da manhã e da tarde.

Com a ação, o Governo do Ceará reconhece que o desenvolvimento dos estudantes envolve o estímulo à imaginação, à criatividade e à expressividade, elementos fundamentais no processo de construção da identidade e na busca pela realização pessoal. Nesta edição, as obras deveriam ser criadas a partir do tema “Reciclar ideias e reinventar o mundo com arte”.

Reciclar, neste contexto, assume o sentido de recuperar ideias e ressignificá-las na criação artística, em prol de um mundo mais sustentável e positivo. Por compreender a importância da Educação Ambiental na reconstrução planetária, a Seduc adotou, no ano de 2025, como tema norteador: Educação Ambiental, Sustentabilidade e Emergência Climática. A pauta se ampara nos marcos nacional e estadual de Educação Ambiental e dialoga com temas da realidade social e, consequentemente, da comunidade escolar.

Assim, ao longo das fases escolar, regional e estadual, buscou-se envolver a juventude em práticas culturais que abordassem a defesa do patrimônio natural.

Reflexão e consciência

Yago Augusto Veras, estudante da Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) Adolfo Ferreira de Sousa, em Redenção, ficou entre os vencedores do Festival na expressão Pintura, com a obra “O verdadeiro predador”. O jovem acredita que o papel da arte é mais do que encantar, devendo também provocar reflexão.

“Sempre vi pessoas se destacando com a arte, e isso me despertou a vontade de participar do Festival. A gente está no topo da cadeia alimentar e preda a natureza, destruindo tudo aquilo que toca. Queria, por meio da arte, conscientizar. Estava estudando sobre a escola de Frankfurt e pensei: a arte não serve só para despertar beleza, embora admirar seja um dos objetivos, mas é preciso também fazer a gente se arrepiar, sentir. Os elementos da obra são autoexplicativos: um engravatado gigante engole tudo aquilo que vê, inclusive a última árvore verde. Os pássaros fogem do fogo e da destruição. Espero, com isso, que as pessoas olhem mais para as ações individuais. Que as grandes corporações e as pessoas que estão no poder façam algo para mudar o cenário. E que todos assumam sua parcela de responsabilidade, pois todos já foram, em algum momento, predadores”, salienta.

Maria Isabela Madeira é estudante da Escola de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI) Anchieta, em Maranguape. Com a obra “A chance de recomeçar”, a aluna foi uma das vencedoras na expressão Quadrinhos, e viu no Festival uma oportunidade para dar vazão a duas linguagens artísticas com as quais se identifica: desenho e literatura.

“Tenho costume de escrever histórias e de desenhar. Então, esse desafio juntou duas coisas que eu gosto. Escrevo bastante sobre fantasia. Nessa obra, procurei representar a natureza como um espírito, que tem forma humanoide e cabeça de cogumelo, representando os elementos da natureza. A mensagem diz que, mesmo o mundo tendo sido destruído, ainda é possível ter esperança e encontrar pessoas no planeta que possam trazer algo novo e inspirar as futuras gerações a manter um legado de cuidado com a terra, até quando parecer não haver mais saída”, pondera.

Thaís Hellen Sousa, de 18 anos, indígena do povo Pitaguary, em Pacatuba, concluiu a educação básica em 2024 na EEEP Luiza de Teodoro Vieira. A jovem foi vencedora do Festival em duas edições, nos anos de 2022 e 2024, na expressão Fotografia. A estudante, que hoje é graduanda em Direito e em Gestão Pública, com bolsa de 100% em ambos os cursos em universidades particulares, revela forte identificação com a cultura em que nasceu e busca, por meio da arte, difundir ao mundo os saberes de seu povo. Thaís discursou durante a abertura do evento.

“Participei pela primeira vez do Festival na 1ª série do Ensino Médio, quando tinha acabado de sair de uma escola indígena e chegado a uma EEEP. Concorri também nos dois anos seguintes. Senti a necessidade de levar minha cultura a outros espaços. A fotografia é uma arte com a qual eu trabalho desde pequena, quando ainda estava no Ensino Fundamental, e fazia curso de cineasta. Mexia com câmera e tirava foto, por conta do trabalho de mídia indígena desenvolvido dentro dos territórios. No ano passado, apresentei uma foto que mostra a minha mãe e uma criança da minha aldeia. Retrata uma mulher indígena que enfrenta os seus desafios, com sofrimento, e uma menina pintando o corpo dela. Isso mostra a luta árdua da mulher indígena dentro do movimento, e também a nossa preocupação de passar a nossa cultura por gerações”, explica.

Formação humana

Eliana Estrela aponta que a escola é um espaço de descobertas e de expressividade, onde os jovens podem desenvolver suas potencialidades, encontrar sua voz e compartilhar sua arte.

“Com o Festival Alunos que Inspiram, celebramos a criatividade e a sensibilidade dos nossos estudantes, reconhecendo que o talento artístico também é parte essencial da formação cidadã. Valorizar esse processo é investir em uma educação mais humana, inclusiva e transformadora. Aqui, nossos jovens mostram ao mundo que podem. Tudo isso acontece porque temos professores e diretores nas nossas escolas que se dedicam diariamente a fazer com que a juventude acredite nos próprios sonhos. Hoje estamos, mais uma vez, celebrando, premiando e prestigiando os nossos talentos”, ressalta.

Adelita Monteiro observa que é preciso oferecer oportunidades para que os jovens explorem o potencial que têm, e que a cultura e a arte são caminhos poderosos de transformação social. “Vocês são verdadeiras potências. E ao longo do caminho, vai aparecer uma galera dizendo que vocês não vão conseguir. Não escutem essas pessoas. Esse festival, com vocês protagonizando, é algo que enche o nosso coração de esperança. Vocês irão transformar o mundo para melhor”, enfatizou a secretária durante a abertura aos estudantes.

Participação

A lista de trabalhos vencedores foi publicada no site da Seduc no dia 1º de agosto passado. Ao todo, foram premiados 45 trabalhos. Desde a edição de 2023, o Festival não realiza ranking entre os melhores colocados. As três produções mais bem avaliadas de cada expressão são consideradas vencedoras, tendo o mesmo status. A ideia é fortalecer a solidariedade e a cooperação entre os alunos, que são os representantes estaduais.

Neste ano, o Festival contou com o envolvimento de 644 escolas e 20.929 alunos, incluindo 1.172 pessoas com deficiência (PcD). Na primeira fase, a Escolar, participaram 15.608 projetos. Para a segunda fase, a Regional, foram aprovadas 3.433 produções. E, na terceira fase, a Estadual, participaram 522 trabalhos, avaliados virtualmente.

Nesta edição do Festival, foram consideradas seis categorias, distribuídas em 15 expressões artísticas:

1. Artes visuais
Desenho à mão livre
Pintura
Graffiti
Fotografia

2. Criação literária
Poema
Cordel
Quadrinhos
Crônica

3. Dança
Dança

4. Música
Música Intérprete
Banda Cover
Música Autoral
Banda autoral

5. Teatro
Esquete Teatral

6. Cinema
Documentário em curta-metragem

AoGosto do Aluno

O Festival simboliza o ponto alto do AoGosto do Aluno, ação da Seduc que oferece um circuito de atividades integrativas, que se configuram como homenagem ao mês do estudante. Além do Festival, outra programação de destaque dentro do projeto foi a promoção de um circuito de visitação a equipamentos culturais. Ao todo, 1.620 estudantes foram beneficiados com visitas à Caixa Cultural, ao Museu da Fotografia, ao Museu da Imagem e do Som, à Biblioteca Pública do Estado e ao Planetário Rubens de Azevedo, num total de 36 visitas, ao longo das duas primeiras semanas do mês.