Museu da Imagem e do Som recebe Bezoar do Tempo, exposição de quatro fotógrafas cearenses

27 de agosto de 2025 - 11:44 # # #

Ascom MIS - Texto
Divulgação - Fotos

As artistas Dayane Araújo, Luana Diogo, Marília Oliveira e Taís Monteiro ocuparão o andar +2 do Anexo com exposição instalativa sobre tempo, memória e fabulação

O Museu da Imagem e do Som do Ceará inaugura em 30 de agosto (sábado) a exposição instalativa Bezoar do Tempo, das artistas cearenses Dayane Araújo, Luana Diogo, Marília Oliveira e Taís Monteiro. O evento de lançamento acontece a partir das 18h, na praça do MIS. A mostra, que ocupará o andar +2 do Anexo, discute tempo, memória e fabulação, tendo a fotografia como linguagem central. No sábado seguinte (6), haverá uma visita mediada com as artistas às 15h e uma fala aberta na praça do MIS às 17h. O MIS integra a Rede Pública de Equipamentos Culturais (Rece) do Governo do Ceará, vinculada à Secretaria da Cultura, com gestão parceira do Instituto Mirante. Fotos disponíveis aqui.

Bezoar do Tempo

Exposição coletiva concebida e produzida pelas artistas cearenses Dayane Araújo, Luana Diogo, Marília Oliveira e Taís Monteiro, Bezoar do Tempo apresenta um mergulho sensível nas memórias esquecidas e fragmentadas de famílias cearenses, articulando imagens fotográficas com processos experimentais e fabulações do tempo. A mostra reúne suportes diversos, como impressões e cianotipias em tecido, objetos ampliados, fotografias analógicas, colagens e vídeo, tendo a fotografia como linguagem central.

Bezoar do Tempo é também o nome do coletivo composto pelas quatro artistas e que atua de maneira colaborativa em edições e curadorias de trabalhos desde 2021. O grupo se dedica à pesquisa e produção de imagem fotográfica e seus processos alternativos, compreendendo o universo da fotografia analógica, arquivos fotográficos de famílias, objetos e fotografias órfãs, produção de textos e suas possibilidades estéticas como espaço narrativo para discutir questões de memória, gênero, arquivo e tempo. Bezoar do Tempo promove a difusão da experimentação visual, posto que seus trabalhos convocam, ainda, à vivência nesses gestos com exposição instalativa, obras audiovisuais, oficinas formativas e publicações de fotografias como parte da sua proposta.

O título da exposição refere-se à constante ruminação acerca do inconciliável do tempo. Passado, presente e futuro espiralam para sedimentar e formar objetos remoídos, em constante modificação, de incontáveis materiais, que se acumulam em uma massa disforme. Durante os últimos anos, as quatro artistas cearenses se dedicaram a produzir imagens fotográficas do atrito desarmônico do tempo, pensando a migração como marca de tantas famílias cearenses, muitas delas alijadas da própria história, e partem de pistas autobiográficas de seus mais velhos para chegarem a essas ruminações. Bezoar do Tempo atualiza a memória da única maneira possível: a partir da fabulação e da entrega ao acaso, entendendo os movimentos coletivos e individuais como uma dupla articulação para a criação artística. É de onde partem os processos de coleta de matéria que se apresenta no cotidiano, do retorno de fotografias encontradas no lixo, bazares e álbuns de família há muito perdidos, nos processos de sopa de filme experimentais, nas impressões fotográficas alternativas que se utilizam da luz do sol e de formulários químicos.

As quatro artistas-curadoras partem de suas histórias familiares para, juntas, investigarem os deslocamentos interior-capital que atravessam a população cearense. A partir de cartográficas reais e imaginadas, cartas, fotografias de desconhecidos, cenários ficcionados e paisagens registradas por olhos infantis, Bezoar do Tempo metamorfoseia a lembrança, fabula um Ceará impossível e se desprende das noções de documento e verdade para imaginar um espaço-tempo em que Orós, Sobral, São Benedito e Camocim se encontram, em que o marco zero de Fortaleza é também ponto de partida para pensar origens familiares e possibilidades narrativas. Ficcionar memória para fazer sobreviverem imagens ordinárias, dispor da invenção e do acaso para fazer do banal cotidiano material histórico de uma população.

O trânsito entre o ir e vir se desenha também no dentro e fora: bezoar é acúmulo de material estranho não digerível ao corpo – a partir de um bezoar pode-se obter pérolas, remédios, venenos. E é deste material que as artistas se apropriam: da sua própria memória não digerida, esquecida na genealogia familiar e nos deslocamentos que seus mais velhos fizeram entre o interior e a capital, nos rastros deixados por avós desconhecidas, por fotografias envelhecidas que carregam rostos estranhos, histórias cujas provas visuais se perderam pelo tempo. As imagens provocam uma sensação estranho-familiar, de estar diante-dentro de imagens-objeto, mundos de memória, chances de rememoração e de esquecimento.

No sábado seguinte à abertura, dia 6, haverá uma visita mediada com as artistas às 15h e uma fala aberta na praça do MIS às 17h.

As artistas

Dayane Araújo [artista-curadora-produtora executiva]

Cearense com formação em design, fotógrafa, editora e artista visual com formação em narrativas e poéticas visuais pela Escola Porto Iracema das Artes, pesquisa e produz obras partindo de fotografias analógicas, intenção poética na imagem e escavação de arquivos. Interessa-se em vulnerabilidades da mente, pelo corpo em seus interstícios sendo passagem e paisagem. Compõe o Painel da Fotografia Contemporânea Cearense, publicou o fotolivro Fresta em 2021, foi coidealizadora do Efêmero Festival Experimental de Fotografia em suas duas edições, premiada na 1ª edição do Mulheres Luz e do Prêmio DocF, participou de diversas mostras coletivas no Brasil, Argentina, França, como no Festival de Fotografia de Tiradentes, Solar Foto Festival, Temporada de Arte Cearense, rodas de conversa na Bienal do Livro do Ceará e na 22ª Semana Nacional de Museus. Atuou como curadora em festivais e editou publicações e obras de outros artistas.

Taís Monteiro [artista-curadora]

Cearense, multiartista em fotografia, artes visuais instalativas, videomapping e audiovisual. Professora, roteirista e pesquisadora. Desenvolve obras imagéticas em constante experimentação com filmes analógicos e processos alternativos fotográficos, como a cianotipia, em diálogo com o vídeo e o cinema, em busca das distensões e alargamentos possíveis da imagem por visualidades oníricas e atmosferas sensíveis. Atualmente, é doutoranda em Narrativas e Estéticas da Imagem e do Som no PPGCOM – UFPE, com estudos acerca do imaginário, do território onírico e imagens geradas por Inteligência Artificial.

Luana Diogo [artista-curadora]

Cearense, artista visual, pesquisadora e educadora, atua principalmente na área de filosofia e da fotografia analógica, realizando cursos de formação, desenvolvendo métodos alternativos de revelação de filmes analógicos e mediando experiências com filmes vencidos. Atualmente, dedica-se a pesquisas no campo da teoria da imagem e em fotografia, da autoimagem e das ficções de si, tecendo experimentações a partir de registros de viagens, tanto em foto como em vídeo. É laboratorista na Una, laboratório de revelação de filmes fotográficos. Nos últimos três anos integrou o Painel da Fotografia Cearense, participou das publicações coletivas PrismaZine e da Revista Nerva, e da exposição coletiva “São Pedro – Presença e fabulação” no Museu de Arte Contemporânea do Ceará.

Marília Oliveira [artista-curadora-expografista]

Cearense de São Benedito, interessada em autoficção, memória, narrativa, imagem e palavra. Doutora em artes visuais pela UFBA e mestra em comunicação pela UFC, atualmente pesquisa imagem e imaginação, fabulação crítica, o visível e o invisível na imagem fotográfica. É pesquisadora, curadora, expografista, artista da imagem e da palavra e professora. Tem quatro fotolivros publicados e participou de exposições coletivas e mostras no Brasil, na França, em Portugal, na Espanha e na Alemanha. Participou de algumas residências artísticas pelo país, dentre elas Mira Latina LAB, em 2022. Foi curadora e idealizadora da Revista NERVA, com duas edições lançadas em 2021, revista de arte que reúne trabalhos de artistes nordestines. Em 2023 realizou sua terceira exposição individual, Elas chegam pelo mar, parte de sua pesquisa de doutorado, no MAC – Museu de Arte Contemporânea do Ceará, e é curadora da exposição individual de Jean dos Anjos, Festa, Baia, Gira, Cura. Em 2025 foi curadora do festival Imaginários, expôs na embaixada do Brasil na Alemanha, em Berlim, a obra Inauguração do Museu do Amor Sapatão.

Serviço

Museu da Imagem e do Som
Endereço: Av. Barão de Studart, 410. Meireles.
Entrada: gratuita.

Abertura de Bezoar do Tempo
Exposição de Dayane Araújo, Luana Diogo, Marília Oliveira e Taís Monteiro
Data: 30 de agosto (sábado)
Horário: 18h
Local: praça do MIS
Local da exposição: andar +2 do Anexo