Pinacoteca do Ceará propõe mergulho no corpo físico, tecnológico e político em nova exposição
18 de setembro de 2025 - 14:48 #cultura #exposição #Pinacoteca #programação
Ascom Pinacoteca - texto e foto
“Corpos explícitos, corpos ocultos”, com curadoria de Agnaldo Farias e Adolfo Montejo Navas, abre no próximo sábado (27), às 17h, com acesso gratuito.
Obras de grandes artistas como Maria Martins, Tunga, Anna Maria Maiolino e Cildo Meireles integram a mostra
A Pinacoteca do Ceará, museu público da Rede de Equipamentos e Espaços Culturais da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult), gerido em parceria com o Instituto Mirante, abre a exposição “Corpos explícitos, corpos ocultos” no próximo sábado (27), a partir das 17h. Com curadoria de Agnaldo Farias e Adolfo Montejo Navas, a mostra reúne artistas de diversas gerações e regiões do Brasil em torno da investigação do corpo como entidade política, simbólica, subjetiva e tecnológica. A exposição — uma realização do Ministério da Cultura e do Governo do Ceará, com patrocínio do Itaú e da Cagece — segue em cartaz até 26 de abril de 2026 e tem acesso gratuito.
Com mais de cem obras de 48 grandes nomes da arte contemporânea, “Corpos explícitos, corpos ocultos” transforma um pavilhão inteiro da Pinacoteca do Ceará e convida o visitante a imergir nas entranhas de um corpo cuja lógica representativa é esfarelada. A partir da constatação de que o corpo não é mais o que era, a exposição discute os deslocamentos – históricos, estéticos e éticos – que transformam nossa relação com o próprio corpo e suas contra-imagens. Atravessado por regimes de controle, algoritmos, vigilância, fetichismos, padrões de consumo e reivindicações identitárias, o corpo é apresentado como um terreno de disputas diversas.
Partindo de uma leitura transversal do campo das artes visuais, filosofia, literatura, performance, biopolítica e ficção científica, a mostra apresenta em Fortaleza um panorama de trabalhos que propõem uma leitura complexa e não binária, privilegiando artistas cuja produção lida com as transformações do corpo na contemporaneidade: sua tecnificação, erotização, racialização, apagamento ou exposição. Com destaque para esculturas, instalações, fotografia, vídeo instalações e vídeo performances, as obras apresentadas configuram uma narrativa visual que interroga o corpo nas suas formas mais explícitas e ocultas, revelando contradições, potências e ruínas do sujeito contemporâneo.
A exposição é dividida em cinco linhas temáticas: Corpo máquina e ficção especulativa; Corpo político e regimes de controle; Corpo desejo, corpo ausência; Corpo-matéria: orgânico, simbiótico, mutável; e Arquivos do corpo. Entre as principais obras, a escultura de grandes dimensões “O impossível” (década de 1940), de Maria Martins; a instalação “Camelô” (1998), de Cildo Meireles; a clássica fotografia “Por um fio”, da série “Fotopoemação” (1976), de Anna Maria Maiolino; a instalação “Sem título”, da série “Palíndromo Incesto” (1990/2006), de Tunga; e a escultura “Sucubbus, O início” (2022), de Monica Piloni, única com classificação indicativa de 14 anos.
Participam, ainda, artistas como Berna Reale, Miguel Rio Branco, Paulo Bruscky, Márcia X, Arthur Omar, Teatro da Vertigem com colaboração de Nuno Ramos e Eryk Rocha, Walmor Corrêa e Hermeto Pascoal. Entre os cearenses, Efrain Almeida e André Parente.
Arquitetura como pele
A concepção da expografia de “Corpos explícitos, corpos ocultos” é assinada pelo prestigiado escritório de arquitetura Vão, responsável pela última edição da 35ª Bienal de São Paulo, em 2023. A partir da proposta curatorial, o projeto expográfico transforma o pavilhão expositivo da Pinacoteca do Ceará também em corpo. As tesouras do teto funcionam como costelas, uma espécie de espinha dorsal que leva o visitante, a partir de cada uma das cinco salas criadas no espaço, a diferentes sistemas e órgãos do corpo, num mergulho cromático que permite o contato mais intenso com as obras.
Lista de artistas
3Nós3, Adriana Tabalipa, Alex Flemming, Anna Dantas, Ana Vitória Mussi, André Parente, Anna Maria Maiolino, Antônio Dias, Arthur Omar, Berna Reale, Beth Moysés, Brígida Baltar, Caio Lescher, Celina Neves, Cildo Meireles, Cristina Salgado, Efrain Almeida, Eustáquio Neves, Fernanda Fernandes, Helena Martins-Costa, Hermeto Pascoal, Ismael Nery, Ivens Machado, José Damasceno, Julio Castro, Letícia Parente, Lucas Bambozzi e Giselle Beiguelman, Márcia X, Marcos Chaves, Maria Martins, Mario Cravo Neto, Mauro Espíndola, Miguel Rio Branco, Monica Piloni, Nelson Leirner, Nuno Ramos & Teatro da Vertigem & Eryk Rocha, Odires Mlászho, Patricio Farías, Paulo Bruscky, Regina Silveira, Ricardo Basbaum, Rodrigo Braga, Sônia Andrade, Tunga, Vânia Mignone, Vera Chaves Barcellos, Victor Arruda e Walmor Corrêa.
Curadoria
Agnaldo Farias
Professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e desenvolve pesquisa em Arte e Arquitetura Contemporâneas.
Foi curador-geral do Museu Oscar Niemeyer (2017-2018), do Instituto Tomie Ohtake (2000-2012) e do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1998-2000). Foi curador de Exposições Temporárias do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (1990-1992).
Foi curador-geral da 29ª Bienal de São Paulo (2010), da Representação Brasileira da 25ª Bienal de São Paulo (2002) e curador-adjunto da 23ª Bienal de São Paulo (1996). Foi curador-geral da 3ª Bienal de Coimbra, Portugal (2019), curador internacional da 11ª Bienal de Cuenca, Equador (2011) e do Pavilhão Brasileiro da 54ª edição da Bienal de Veneza (2011).
Recebeu os prêmios: “Melhor retrospectiva” da APCA, em 1994 (Retrospectiva Nelson Leirner – Paço das Artes); Prêmio Maria Eugênia Franco, da ABCA, pela melhor curadoria de 2011 (Nelson Leirner 1961-2011 ─ FIESP); Prêmio Exposição Rico Lins – Gráfica de Fronteira (2010 ─ Instituto Tomie Ohtake); Prêmio “Melhor exposição de fotografia”, da APCA, em 2022 (Penna Prearo).
Adolfo Montejo Navas
Poeta, artista visual, crítico e curador independente. De Madri, mora no Brasil há 33 anos. Seu campo preferencial versa sobre a cultura da imagem/fotografia e a poesia visual/contraescritura.
Foi correspondente da revista de arte internacional Lápiz (Madri, 1999-2014) e editor de Dasartes (2008-2009). Publicou livros e edições monográficas sobre Anna Bella Geiger, Regina Silveira, Victor Arruda, Iberê Camargo, Paulo Bruscky, Mario Carneiro, Ana Vitória Mussi, Patricio Farías, Miguel Rio Branco, Mario Rubinski e Hermeto Pascoal, o ensaio Fotografia e poesia (afinidades eletivas), entre outros diversos (Miscelânea Cortázar ou A bola entre palavras).
Ganhou bolsa da RioArte (2001) e os prêmios: Mário Pedrosa de Ensaio de Arte e Cultura Contemporânea (2009), XV Marc Ferrez de Fotografia/Reflexão Crítica (2015) e Aldir Blanc (2020 ─ Paraná) pela trajetória artística. Foi honrado com o título de Notório Saber em Artes pela UFRGS (Universidade Federal Rio Grande do Sul) (2016).
Assinou a curadoria geral da XIV Bienal de Arte Internacional de Curitiba, Fronteiras em aberto (2019), e exposições recentes de Arthur Omar, Victor Arruda, Nicanor Parra, Alice Vinagre, Mario Rubinski e Hermeto Pascoal. Últimas edições: 70 fendas (Tipografia do Zé, Belo Horizonte, 2024), Poemas de visita (Centro Editor, Madri, 2025) e as exposições individuais: De tudo, apartes (F. Stickel, SP, 2021), Sinalética (I. Cervantes, SP, 2025).
Pinacoteca do Ceará
Inaugurada em dezembro de 2022 pelo Governo do Ceará, a Pinacoteca do Ceará tem a missão de salvaguardar, preservar, pesquisar e difundir a coleção artística da instituição, sendo espaço de ações formativas com artistas, comunidade escolar, famílias, movimentos sociais, organizações não governamentais e demais profissionais do campo das artes e da cultura. Trata-se de um espaço de experimentação, pesquisa e reflexão para promover o diálogo entre arte e educação a partir de práticas artísticas. Desde a abertura, o museu já recebeu mais de 217 mil visitantes. dispõe dos seguintes recursos de acessibilidade: audiodescrição, abafadores de ruídos, videoguias em Libras, cadeira de rodas, intérpretes de Libras e peças táteis.
Serviço
Abertura da exposição “Corpos explícitos, corpos ocultos”
Curadoria: Agnaldo Farias e Adolfo Montejo Navas
Data: 27 de setembro de 2025 (sábado)
Horário: 17h
Local: Pinacoteca do Ceará – Pavilhão expositivo 1 (Rua 24 de maio, s/n, Praça da Estação, Fortaleza-CE)
Acesso gratuito | Evento com acessibilidade em Libras
Classificação indicativa: Livre (com uma única obra com classificação de 14 anos, devidamente sinalizada).
Acessibilidade: Audiodescrição, abafadores de ruídos, videoguias em Libras, cadeiras de rodas, intérpretes de Libras e pelas táteis.
Período de exposição: Até 26 de abril de 2026