Espécie frutífera nativa da Chapada do Araripe pode ser uma aliada na luta contra superbactérias
3 de outubro de 2025 - 15:01 #Cambuí #Chapada do Araripe #Pesquisadores #Superbactérias #Urca
Ascom Urca - Texto
Pesquisadores da UFPE, Urca e UFCA descobriram que o “cambuí” da Chapada do Araripe possui compostos com potencial antibacteriano superior ao de alguns antibióticos convencionais frente a cepas bacterianas multirresistentes
Considerada uma espécie emblemática na região do Cariri, o cambuí (Myrciaria pilosa) é uma espécie medicinal utilizada para o tratamento de enfermidades ligadas ao trato digestório, a exemplo de diarreias. Estas podem ser ocasionadas por bactérias do grupo das Enterobacteriaceae. Essa relevância etnofarmacológica despertou o interesse do grupo de pesquisa, que decidiu investigar o potencial de compostos bioativos presentes na espécie nativa da região contra superbactérias desse grupo, buscando compreender suas propriedades antimicrobianas e possíveis aplicações terapêuticas.
Os resultados obtidos nos ensaios, realizados no Laboratório de Microbiologia e Biologia Molecular (LMBM), foram bastante animadores. Pesquisadores realizaram experimentos iniciais tanto in vitro quanto in vivo, utilizando o modelo Zebrafish (Danio rerio). Mesmo em pequenas doses, os compostos exibiram forte ação antibacteriana, além de não apresentarem toxicidade em organismos modelos mesmo em concentrações elevadas. Os resultados sugerem que os compostos presentes na planta possuem certo potencial para futuras aplicações em tratamentos clínicos e no desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas contra infecções bacterianas. Além disso, abrem caminho para pesquisas mais aprofundadas sobre a flora da Chapada do Araripe, envolvendo a Urca e outras instituições nacionais, e reforçam a relevância de espécies nativas como fontes promissoras de substâncias medicinais naturais.
Farmacocinéticos
Novas pesquisas focadas nos perfis farmacocinéticos e farmacodinâmicos da espécie são fundamentais e devem ser realizadas. Isso significa estudar como o organismo irá absorver, distribuir, metabolizar e eliminar os compostos, bem como entender como essas substâncias atuam no corpo para combater infecções bacterianas. Esses estudos são essenciais e necessários para garantir que futuras aplicações médicas sejam seguras e eficazes, além de fornecer informações valiosas para o desenvolvimento de novos medicamentos a partir de uma espécie nativa tão promissora.
A pesquisa foi liderada pelo doutorando Rafael Pereira da Cruz (UFPE), egresso do Programa de Pós-Graduação em Diversidade Biológica e Recursos Naturais (PPGDR – Urca), sob a supervisão das professoras Dra. Márcia Vanusa da Silva (UFPE) e Dra. Maria Flaviana Bezerra Morais Braga (Urca). O estudo contou ainda com a colaboração dos pesquisadores Dr. Henrique Douglas Melo Coutinho (Urca), Dr. José Weverton Almeida Bezerra (Urca), Dr. Irwin Rose Alencar de Menezes (Urca) e Dra. Jacqueline Cosmo Andrade Pinheiro (UFCA). Os resultados foram recentemente publicados no Journal of Ethnopharmacology, periódico de alto prestígio internacional, com fator de impacto 5.4 e classificação Qualis A1 na área de Ciências Biológicas, considerado uma das revistas mais influentes na área de farmacologia de produtos naturais.