Dia do Fisioterapeuta: propósito, técnica e sensibilidade permeiam profissionais da Rede Sesa

13 de outubro de 2025 - 12:28 # #

Ascom Helv, HM, HGCC, HSM e CCC - Texto e Fotos

No dia 13 de outubro, comemora-se, no Brasil, o Dia do Fisioterapeuta e do Terapeuta Ocupacional. A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) homenageia esses profissionais que reabilitam e devolvem autonomia e mobilidade às pessoas, transformando o movimento em qualidade de vida. Nesta data comemorativa, vamos conhecer pessoas que exercem essas profissões, na Rede Sesa, com empatia e conhecimento.

Quatro décadas de dedicação à fisioterapia

Com 40 anos de formação, a fisioterapeuta Socorro Quintino, que atua no Hospital Estadual Leonardo Da Vinci (Helv) e no Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM), reafirma o propósito que sempre guiou sua trajetória: promover qualidade de vida e reabilitação com humanidade.

Socorro Quintino: “me apaixonei pela reabilitação”

Formada aos 22 anos, iniciou a carreira com uma experiência internacional que marcou sua trajetória. “Passei nove meses em um hospital de mil leitos, na Califórnia. Lá, tive a oportunidade de trabalhar ao lado de um grande profissional que me apresentou o serviço de reabilitação cardíaca. Foi ali que me apaixonei pela reabilitação”, relembra.

“Naquela época, poucos sabiam o que era reabilitação. Era algo muito novo. Mas eu sonhava com o serviço e desejava que fosse estruturado no Hospital de Messejana”, relembra. Apesar das dificuldades, ela não desistiu. Atuou na rede privada e expandiu sua atuação para a terapia intensiva, área em que também se destacou. “A docência foi um marco na minha vida. Consegui inspirar centenas de jovens a seguir na área da fisioterapia hospitalar”, conta.

Hospital de Messejana: referência e inovação em reabilitação cardíaca

O sonho de ver a reabilitação cardíaca consolidada no sistema público se concretizou há 15 anos, no Hospital de Messejana, onde a fisioterapeuta atua há mais de três décadas. O Serviço de Reabilitação Cardíaca é um programa pioneiro, voltado especialmente a pacientes transplantados, com insuficiência cardíaca e com doença arterial coronariana.

“É cientificamente comprovado que o exercício físico faz bem para a saúde. Quando o indivíduo é cardiopata, esses benefícios são potencializados, inclusive com a redução da mortalidade. Hoje o nosso serviço é multiprofissional, faz parte de uma rede colaborativa internacional e participa de um Registro Internacional de Reabilitação Cardíaca. Trabalhamos educação e saúde e tratamos os pacientes no contexto biopsicossocial. Os resultados são excelentes”, destaca.

Experiência no Helv: liderança e superação na pandemia

A trajetória de Socorro Quintino se entrelaça à história recente do Helv, símbolo do enfrentamento à pandemia de covid-19 no Ceará. No auge da crise sanitária, ela esteve à frente da coordenação de fisioterapia da unidade, que chegou a contar com 168 leitos de UTI e mais de cem fisioterapeutas sob sua gestão.

Serviço foi fundamental no enfrentamento à covid-19 no Estado

“Foi um momento em que precisei reunir tudo o que aprendi ao longo da vida: a experiência clínica, a docência e a gestão. A pandemia me revelou o lado mais profundo da profissão, o de servir com coragem e empatia, mesmo diante do desconhecido”, recorda.

Socorro destaca o papel essencial dos fisioterapeutas durante a pandemia, especialmente na assistência a pacientes críticos e na reabilitação respiratória. “O Helv foi o epicentro da pandemia no estado, e ali vimos o quanto nossa atuação podia fazer a diferença na vida das pessoas”, afirma.

Aos 62 anos, Socorro segue ativa, inspirando colegas e novas gerações. “O tempo não deve medir a trajetória profissional. Podemos nos redescobrir todos os dias. Hoje, meu desejo é ver a regionalização da reabilitação cardíaca e a telerreabilitação”, afirma. Para ela, ser fisioterapeuta é uma escolha de vida. “É inspirar e servir. A fisioterapia me ensinou que sempre há espaço para aprender, ensinar e transformar. O segredo está em fazer tudo com propósito, técnica e sensibilidade”, ressalta.

Sua trajetória representa tantos profissionais que, diariamente, ajudam a devolver movimento, autonomia e esperança aos pacientes. Neste Dia do Fisioterapeuta, a homenagem vai a todos que fazem da reabilitação um compromisso com o cuidado e a empatia.

Cuidado que transforma vidas desde o início

Do estágio à residência em fisioterapia neonatal, uma escolha que define a vida profissional

“Hoje a minha escolha ⁠faz total sentido. A profissão também me escolheu: a vida me deu a oportunidade de escolher o público com o qual queria trabalhar. Oferecer o cuidado, a assistência e o conforto que a minha profissão permite faz com que eu me sinta potente como profissional e membro de uma equipe de saúde atuante.”

Com essa fala cheia de significado, a fisioterapeuta Pollyana Azevedo, do Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC), equipamento da Sesa, resume a entrega e a paixão que a movem diariamente no cuidado com os recém-nascidos da Unidade de Neonatologia.

Desde cedo, a fisioterapeuta sabia que queria trilhar o caminho da saúde. “Minha tia já era fisioterapeuta, então isso chamou minha atenção”, relembra. O que começou como curiosidade logo se transformou em vocação. “A Fisioterapia é o olhar treinado para a funcionalidade, o movimento, a simetria, o conforto, o desenvolvimento… o alívio”, define.

A descoberta da Neonatologia e o início no HGCC

A relação de Pollyana com o Hospital César Cals começou ainda na graduação, quando realizou o último estágio supervisionado na instituição. “Eu tenho uma história de amor com o HGCC. Foi meu último campo de estágio, e foi aqui que decidi trabalhar com Neonatologia”, conta.

“Me sinto segura na manualidade com eles e em explicar às famílias o porquê de o fisioterapeuta estar ali

O estágio revelou um talento natural para lidar com bebês e suas famílias. “Me sentia segura na manualidade com eles. Em lidar com as famílias e explicar o porquê de o fisioterapeuta estar ali. Muitos pais não entendem a contribuição da fisioterapia com bebês tão pequenos, e eu queria ser esse instrumento da profissão no início da vida”, relata.

Ela integrou a primeira turma da Residência Multiprofissional em Neonatologia da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE) no HGCC. Após concluir a residência, Pollyana deu continuidade à sua trajetória profissional na unidade. “Após ser convocada no concurso do Governo do Estado, descobri que seria lotada no HGCC. Neste hospital passei várias fases da vida. Ele me acolheu. É realmente o hospital da minha vida”, diz.

Hoje, Pollyana Azevedo atua como preceptora na mesma Residência da qual, um dia, fez parte

Durante os 14 anos de profissão, ela construiu sua prática no Sistema Único de Saúde (SUS). “A saúde pública deu outro rumo à minha trajetória: é exatamente onde eu queria estar, fazendo pelos bebês e suas famílias o que só um fisioterapeuta pode fazer”, afirma.

Além de atuar na assistência direta aos recém-nascidos, ela se tornou preceptora. Ou seja, hoje ela atua nos mesmos espaços e papéis pelos quais um dia passou. “Desde 2021, tenho a função de supervisora de campo da turma de neonatologia. É um dos meus maiores motivos de orgulho”, destaca.

São os gestos cotidianos, muitas vezes silenciosos, que mais a emocionam. “Quando um bebê finalmente pode ir para casa e começar o convívio com sua família, há uma parte importante do nosso trabalho nessa vitória”, pontua.

Foi o caso do filho da técnica de enfermagem Renata Amaral de Oliveira, de 32 anos. Ela levou o filho para casa no dia 2 de outubro desse ano, após cinco meses e 27 dias de internação. “O meu filho foi sempre muito bem atendido. Tanto quando ele estava entubado, quando ele tirou tubo, elas sempre trabalharam no desenvolvimento dele. Então, assim, muita gratidão mesmo. Uma boa parte do desenvolvimento do meu filho eu devo à equipe de fisioterapia”, declara.

Com conhecimento técnico, empatia e um olhar sensível, a equipe de Fisioterapia do HGCC, segue transformando desafios em cuidado e reafirmando, todos os dias, que a Fisioterapia é muito mais do que técnica: é um gesto de amor que impulsiona a vida desde o seu primeiro respiro.

Profissional do HSM celebra a atividade que escolheu com amor e propósito

Reabilitação promovida pela fisoterapia é importante também no contexto da saúde mental

Desde o início da sua trajetória, há 16 anos, Gilberto Carlos da Silva, de 54 anos, fisioterapeuta do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), sempre acreditou que o corpo e a mente caminham lado a lado. Ao escolher a Fisioterapia como profissão da vida, descobriu uma forma de cuidar não apenas dos movimentos físicos, mas também dos movimentos da alma.

Durante a formação, observou que muitas dores do corpo carregam também o peso das emoções. Essa percepção o levou a se especializar em saúde mental, área em que o toque, o movimento e a escuta se transformam em instrumentos de acolhimento e reabilitação.

Na faculdade, percebeu que ser fisioterapeuta vai muito além de aplicar técnicas. “Comecei a me encantar com essa profissão quando comprovei que, por meio deste trabalho, posso ajudar o paciente a reconquistar sua autonomia, esperança e qualidade de vida. Notei que cada paciente representava uma nova história, um novo desafio e, principalmente, uma nova oportunidade de fazer a diferença”, revela Gilberto.

Ele conta que no início da carreira, enfrentou muitas dificuldades. “Foram longas jornadas, pacientes desacreditados e a necessidade constante de buscar atualização. Mas a cada reabilitação concluída com sorrisos de gratidão, a certeza de ter escolhido o caminho certo me fortalecia e recompensava todo o esforço”, afirma.

Ao longo dos anos, Gilberto aprendeu que cada paciente é um universo a ser observado. Há histórias de luta, sofrimentos, silêncios que pedem atenção e pequenas vitórias que merecem ser celebradas. “Trabalhar com saúde mental é compreender que reabilitar o corpo é, muitas vezes, também aliviar a mente”, enfatiza.

Ser fisioterapeuta, para ele, é estar presente de corpo, mente e coração. “Minha maior alegria é promover o equilíbrio entre o que o corpo sente e o que a mente expressa, devolvendo ao paciente o poder sobre si mesmo. Escolhi essa profissão com amor e com o propósito de tocar vidas, resgatar esperanças e transformar o cuidado em movimento. Essa tem sido a minha maior missão”, declara.

Da reabilitação à educação em saúde: a atuação da fisioterapeuta Lucilene Cirino na Casa de Cuidados do Ceará

“O que eu mais gosto na fisioterapia é promover o resgate da funcionalidade do paciente, resume a fisioterapeuta da Casa de Cuidados do Ceará, Lucilene Cirino. Ela atua no equipamento de da Sesa há 3 anos, mas exerce a profissão há 15. Na unidade, o fisioterapeuta trabalha técnicas e adaptações à particularidade de cada paciente. Segundo a profissional, o trabalho com os pacientes com tuberculose foi um dos mais marcantes em sua trajetória.

“São pacientes que chegam muito debilitados, tanto fisicamente como emocionalmente. É preciso ter um olhar de empatia e humanização. Por isso, promovemos atividades em grupo. Eu fico à frente do ‘Grupo Respira’, no qual promovemos atividades que estimulem os movimentos do corpo, como alongamentos e treino funcional, com estímulo dos membros superiores e inferiores, além de caminhadas ao ar livre”, explica.

Fisioterapeuta Lucilene atua em grupos para pacientes em tratamento de tuberculose

Além dos pacientes com tuberculose, Lucilene presta cuidado e assistência a outros perfis. “Temos pacientes com sequelas de AVC, com doenças crônicas, que são dependentes de ventilação mecânica, também há pacientes com doenças neuromusculares, principalmente a esclerose lateral amiotrófica, que é conhecida como ELA. Reabilitação motora é meu principal foco aqui”, acrescenta.

O trabalho de Educação em Saúde também faz a diferença, afinal tanto o paciente como o cuidador geralmente chegam com muitas dúvidas sobre o diagnóstico e a forma de tratamento. Por isso, Lucilene também atua nos treinamentos e como instrutora do Curso de Cuidadores promovido pela CCC.

Como uma das instrutoras do Curso de Cuidadores da CCC, Lucilene entrega certificado de conclusão a uma das alunas

“Quando o cuidador chega na instituição, a gente trabalha com educação e saúde, que é ensinar como ele pode promover o melhor cuidado com o paciente no domicílio, afinal ele tem que saber o papel e a importância dele no cuidado com o paciente, nós orientamos sobre mobilidade, cuidados com a via aérea artificial, assim como a importância do posicionamento funcional no leito e os cuidados com a via aérea daquele paciente. Isso serve tanto quando o paciente está internado na unidade, mas também quando esse paciente for de alta”, conclui.

Atualmente, ela segue na coordenação de fisioterapia do hospital, contribuindo para o fortalecimento do cuidado multiprofissional e da reabilitação integral.