Dia do Terapeuta Ocupacional: cuidar do outro em sua totalidade é foco de profissionais da Rede Sesa

13 de outubro de 2025 - 12:41 # #

Ascom Hias, HGWA e HM - Texto e Fotos

No dia 13 de outubro, comemora-se, no Brasil, o Dia do Fisioterapeuta e do Terapeuta Ocupacional. A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) homenageia esses profissionais que reabilitam e devolvem autonomia e mobilidade às pessoas, transformando o movimento em qualidade de vida. Nesta data comemorativa, vamos conhecer pessoas que exercem essas profissões, na Rede Sesa, com empatia e conhecimento.

Cuidado que acolhe: terapeuta e família atuam para fortalecer o vínculo e o desenvolvimento do bebê

“Oi, bom dia! Eu sou a sua terapeuta ocupacional, a tia Eva. Posso te tocar?” É assim, com voz calma e olhar acolhedor, que Evanilse Sales, 48 anos, se apresenta aos recém-nascidos e prematuros internados na neonatologia do Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), unidade da Rede Sesa. Para ela, o toque precisa de permissão, mesmo quando o paciente ainda não fala.

“O bebê é um ser humano. Ele precisa permitir o toque. Essa é uma forma de humanizar o cuidado”, explica.

Formada em Terapia Ocupacional desde 2001, Evanilse soma quase 24 anos de profissão. Sua trajetória vai do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Mossoró, no Rio Grande do Norte, onde atua há mais de duas décadas, ao ambiente da UTI neonatal do Hias, onde trabalha desde o ano passado. “O pessoal brinca que atuo em dois extremos: com o sofrimento psíquico e com o início da vida. Nos dois, o mais importante é o olhar integral para o ser humano”, resume.

Cuidar do começo

Na UTI neonatal, o trabalho da Terapia Ocupacional vai muito além da estimulação motora. Envolve o neurodesenvolvimento, o vínculo materno e a organização sensorial do bebê, aspectos que podem ser afetados pela hospitalização. “Esses bebês vieram de um ambiente totalmente protegido, a barriga da mãe. De repente, se veem cercados por barulhos, luzes e toques invasivos. Nosso papel é ajudá-los a se reorganizar, a sentir segurança de novo”, conta.

Entre os métodos utilizados está o “canguru”, uma prática que estimula o contato pele a pele entre o bebê e os pais. “Quando o bebê sente o cheiro, o calor e o som da mãe, ele muda. A respiração se acalma, o coração desacelera, a temperatura estabiliza. Ele se sente de volta à origem. Isso é neurodesenvolvimento com amor”, define.

Evanilse Sales utiliza o boneco “Chiquinho” como recurso terapêutico para orientar acompanhantes sobre o manuseio do bebê em atividades de vida diária e procedimentos hospitalares

Mais do que técnica, a profissional atua para ensinar os pais a participarem ativamente do cuidado. “Tudo é estímulo: o banho, o colo, o brincar. Cada toque tem um propósito. O bebê aprende quando é oportunizado”, reforça.

Cuidar também é ensinar a amar

“Às vezes, o maior remédio é o afeto”, diz a profissional

Mãe da pequena Laura, de 9 anos, Evanilse ri ao lembrar que a filha “é bem filha de TO”. “Engatinhou com cinco meses e andou com onze. Eu dava todas as oportunidades sensoriais a ela”, comenta.

Para Eva, o Dia do TO é um lembrete do propósito que a move desde o início: cuidar do outro em sua totalidade. “A Terapia Ocupacional é um exercício diário de empatia, escuta e amor. É olhar o ser humano como um todo, desde o primeiro suspiro até o recomeço. Às vezes, o maior remédio é o afeto”, conclui.

Terapia Ocupacional transforma o cuidado em arte e acolhimento no HGWA

No Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA) cada gesto, som e cor se torna parte de um processo de reabilitação que envolve o corpo, a mente e a emoção. Nesse contexto, o trabalho da Terapia Ocupacional é essencial para a recuperação integral dos pacientes. A terapeuta ocupacional Viviane Coutinho (foto) é um exemplo dessa dedicação.

Com mais de 20 anos de experiência, Viviane tem uma trajetória marcada pela sensibilidade, pela interdisciplinaridade e pela busca constante de novas formas de cuidar. Formada em Terapia Ocupacional e também em Ciências Biológicas, Viviane construiu uma carreira que leva à humanização à frente de tudo. Ao longo de sua caminhada, acumulou três especializações, incluindo Saúde da Família, Acupuntura e Educação Ambiental, e diversos trabalhos voluntários que moldaram sua prática.

Para Viviane, cada atendimento é uma oportunidade de promover não apenas a reabilitação física, mas também o reencontro com o bem-estar e a esperança. Entre os recursos que utiliza, a música ocupa um papel especial. Inspirada por experiências anteriores com pacientes queimados e pediátricos, ela usa a sonoridade como ferramenta de relaxamento, vínculo e expressão emocional.

“No início do trabalho, eu usava a música clássica para ajudar as mães a se acalmarem. Depois, comecei a integrar cantigas de roda, contoterapia e até flauta transversal nas oficinas. A música cria pontes de afeto entre mães e filhos, especialmente nas unidades de internação e ordenha”, conta Viviane.

Cuidado com mães e bebês: vínculo que cura

Entre canções e conversas, mães aprendem a cuidar e se reconectar com seus bebês durante as oficinas de Terapia Ocupacional

No HGWA, Viviane atua com dedicação especial junto às mães de recém-nascidos internados na UTI e nas enfermarias pediátricas. Por meio da música, do toque e da escuta empática, ela promove o relaxamento e o fortalecimento do vínculo entre mãe e bebê. O trabalho envolve desde técnicas de respiração e massagem relaxante, até orientações sobre posicionamento, amamentação, fortalecimento da confiança materna e atividades de vida diária.

“Muitas mães chegam ansiosas, inseguras, sem saber como tocar o próprio filho. Nosso papel é mostrar que o toque, o olhar e a voz têm um poder imenso no processo de recuperação. Quando a mãe se sente confiante, a criança também evolui melhor”, explica.

Com sensibilidade e técnica, Viviane transforma o cotidiano hospitalar em espaço de acolhimento e humanização

Ao longo dos anos, Viviane desenvolveu diversos recursos terapêuticos próprios, como uma órtese lúdica criada com materiais disponíveis no hospital, que auxilia na estimulação sensorial de crianças com doenças crônicas. Também utiliza bonecas pedagógicas, como a “Marinha”, para demonstrar cuidados de higiene e manejo seguro do bebê, sempre com o objetivo de capacitar e empoderar as mães.

“A Terapia Ocupacional é uma profissão que integra o fazer e o sentir. É olhar o outro em sua totalidade, compreender seus desafios e ajudá-lo a reencontrar autonomia e prazer nas pequenas conquistas do dia a dia”, resume Viviane.

Humanização e reabilitação no cuidado hospitalar

No Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM), a Terapia Ocupacional tem sido uma aliada essencial na recuperação e no bem-estar de pacientes, auxiliando a ressignificar o período de internação e a promover a autonomia, a autoestima e o equilíbrio emocional.

“Nós contribuímos para a melhora da qualidade de vida e do bem-estar emocional dos pacientes e suas famílias”, explica Andréa Veloso

A terapeuta ocupacional Andréa Veloso atua no HM desde 1986. Ela acompanhou a evolução do serviço e o crescimento do hospital. “Quando entrei, fiquei lotada na fisioterapia. Anos depois, a Terapia Ocupacional foi inserida no organograma do hospital como um serviço independente”, relembra. Sua primeira experiência foi na pediatria, com estimulação precoce em crianças e oficinas terapêuticas com as mães. Hoje, Andréa é responsável pela Unidade B, — enfermaria de pacientes que serão submetidos a cirurgias cardíacas — onde coordena atendimentos individuais e em grupo.

O impacto desse trabalho pode ser percebido na história de Ana Virgínia Barros, 53 anos, artesã e costureira diagnosticada com endocardite, que passou por uma cirurgia cardíaca no hospital. Durante a internação, ela encontrou na Terapia Ocupacional um espaço de acolhimento e expressão.

As oficinas e atividades manuais ajudaram Ana a lidar com a ansiedade e o isolamento. “Eu estava triste, não queria participar de nada. A primeira atividade foi o bingo de palavras, que alegrou meu dia. Pedi o apoio da terapeuta e ela me trouxe material para confeccionar bonecas de papel. Passei vários dias internada e mudei a minha rotina e a de outros colegas na mesma situação. Aprendi que: o que é ruim ou negativo pode ser transformado em bom e positivo”, escreveu em uma carta de agradecimento deixada na Ouvidoria do HM.

Para Andréa Veloso, histórias como a de Ana demonstram a força transformadora da Terapia Ocupacional. “Nós promovemos funcionalidade, reabilitação e contribuímos para a melhora da qualidade de vida e do bem-estar emocional dos pacientes e suas famílias”, ressalta.

No Hospital de Messejana, o serviço conta com uma equipe de dez terapeutas ocupacionais, que atuam em diferentes setores, incluindo enfermarias e UTIs pediátricas, unidades de pneumologia, transplantes cardíaco e pulmonar, reabilitação pulmonar e programas de cessação do tabagismo.

Entre as ações desenvolvidas estão o atendimento à beira leito, oficinas terapêuticas para pacientes e acompanhantes, projetos de educação em saúde e iniciativas como a Operação da Lili e o Compartilhando Afeto.

No Hospital de Messejana, o serviço conta com uma equipe de dez terapeutas ocupacionais