Conheça a trajetória de profissionais da Medicina na Rede Sesa que aliam cuidado, valores e propósito
18 de outubro de 2025 - 09:17 #cuidado #homenagem #médicos #Propósito #Rede Sesa #valores
Allane Marreiro e Márcia Catunda - Ascom HSJ e da CCC - Texto e fotos
Para a infectologista Terezinha do Menino Jesus, a preocupação, ao atender um paciente, é assegurar a compreensão da doença e a importância do tratamento
Inspiração e gratidão. Palavras que definem os tantos motivos que levaram a infectologista Terezinha do Menino Jesus a dedicar sua vida profissional à Medicina.
“Cresci no interior do município de Redenção, vendo minha mãe ser aquela pessoa na vizinhança que era chamada quando algum coleguinha se machucava. Ela chegava lá, lavava a ferida, examinava e fazia o curativo. Eu achava essa atitude da minha mãe muito bonita, o que começou a chamar minha atenção para a Medicina. E houve outro fato que talvez seja o mais importante, a ponto de me emocionar até hoje. Meu pai, que nunca estudou, aprendeu a ler e escrever apenas o básico com a irmã dele. Um dia, ele disse à minha mãe queria dar aos filhos o que não teve. Então, com muito esforço, eles se mudaram para Fortaleza. Eu quis me tornar médica para mostrar para eles que o sacrifício deles valeu a pena, como uma forma de retribuição”, conta.
Dos 67 anos de vida de Terezinha, 42 foram preenchidos pelo compromisso com a profissão, seja exercendo o ofício nos atendimentos, seja na universidade como pesquisadora e professora, ajudando na formação de outros médicos, ou ainda nos 30 anos atuando como servidora da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Ela atua como médica no Hospital São José (HSJ), onde acompanha pessoas que vivem com HIV/Aids.
Para Terezinha, é responsabilidade dela, como médica, adaptar seu conhecimento técnico para uma linguagem em que o paciente se sinta seguro e informado
“Acompanho pacientes com HIV desde o início da epidemia. Formei-me em 1983, ano em que a doença chegou ao Ceará. Vivenciei de perto a angústia de diagnosticar um paciente com HIV, sabendo que a notícia equivalia a uma sentença de morte. Era comum a comoção, o desespero no consultório. Na época, a única ferramenta disponível era o acolhimento, o diálogo e o esforço para tratar as infecções oportunistas. Atualmente, a realidade é outra. Administramos um único comprimido diário e o paciente retoma sua vida com normalidade. É emocionante ter testemunhado essa mudança. Posso relatar a história da evolução da medicina”, diz.
Para Terezinha, o Hospital São José foi o lugar onde ela aprendeu a ser médica, se envolveu com a história dos pacientes. Ela explica que, por mais que tenha uma grande paixão por estar na sala de aula lecionando, foi para o HSJ que ela quis voltar depois que se aposentou.
“Na época da pandemia, por conta do adoecimento do meu pai, que já estava velhinho, tinha mais de cem anos, eu me aposentei para me dedicar exclusivamente a ele. Me afastei de todas as atividades que eu estava fazendo. Quando ele faleceu, achei que era o momento de voltar e quis voltar para o Hospital São José. E isso tem me preenchido. Acho que se aposentar é assim, você diminui o ritmo e vai fazer o que gosta. Como médica, sentir o carinho dos pacientes quando me encontram é uma coisa que considero muito especial”, finaliza Teresinha.
A jornada de um médico paliativista
“Nosso foco principal é aliviar o sofrimento humano, melhorando o cuidado atual e planejando o cuidado para o futuro”, é assim que o médico paliativista da Casa de Cuidados do Ceará (CCC), Matheus Dias, 30, resume o papel do profissional que atua com cuidados paliativos.
Cuidar é o propósito de vida dele, por isso a escolha por essa área de atuação veio por meio da identificação com a forma de cuidado não só com o paciente, mas de todos que ali convivem com ele, aliviando o sofrimento, seja ele biológico, emocional, social ou espiritual.
A paixão por essa área foi desenvolvida durante a Residência Médica, mas o que prevaleceu mesmo foi uma experiência pessoal, pois o avô de Matheus foi um paciente que recebeu cuidados paliativos. “Pude conviver com pacientes que se beneficiaram dessa abordagem, inclusive meu próprio avô, que tinha demência e faleceu em decorrência de complicações da covid-19. Esse cuidado com ele me marcou bastante e foi um ponto crucial para eu escolher ser médico paliativista”, conta.
Matheus Dias busca dar suporte e apoio aos familiares e cuidadores de pacientes para uma reabilitação mais segura
Segundo o profissional, a realização na profissão e na especialidade vem também quando surge a conquista de curar ou melhorar a condição do paciente. “Nada é mais marcante do que conseguir atingir o objetivo de vida daquela pessoa, quando o paciente chega totalmente fragilizado e nós conseguimos reabilitá-lo para que ele retorne à comunidade e à sua vida biográfica. São muitas histórias marcadas por comemorações de aniversários, casamentos, batismos, inclusive aqui na unidade”, relembra.
“O que mais me deixa grato é quando a gente está cuidando de um paciente e eu consigo alinhar o cuidado baseado nos valores do que é importante para aquela pessoa diante do adoecimento. É gratificante quando conseguimos confortar, aliviar o sofrimento, atingir metas de vida, dar suporte e apoio aos familiares e cuidadores desses pacientes”, acrescenta. A dedicação e amor pelo trabalho foram reconhecidos por pacientes, que fizeram um elogio formal ao profissional por meio da ouvidoria da unidade da Rede Sesa. “Isso nos motiva a trabalhar cada vez melhor”.
Matheus é médico com atuação focada em cuidados paliativos
Diante de tantas histórias emocionantes, ele relembra de uma em especial: “uma paciente estava em tratamento por sequelas de AVC e, durante a estadia aqui, descobrimos que ela também tinha um tumor na bexiga. A princípio foi algo bem difícil, esse diagnóstico, porque a doença já se manifestou bem avançada e nós optamos em conjunto com a família por seguir os cuidados com ela aqui na unidade até o fim da sua vida. Oferecer o melhor cuidado e proporcionar o aniversário dela de 70 anos mobilizou e sensibilizou toda a equipe”.
Mesmo com as conquistas, Matheus reconhece que nada seria possível de conseguir sozinho e sem a dedicação da equipe multiprofissional. “A Medicina tem essa função de fazer o bem conforme o que é de valor para aquela pessoa. Cada ser humano tem trajetória, biografia, amores, rotina, história… Esse cuidado é feito por toda a equipe multiprofissional, o sofrimento humano é multidimensional, então não é adequado cuidar sozinho, posso até dizer que é um dos meus maiores aprendizados nessa jornada”, pontua.
Profissional recebe elogio da ouvidoria da Casa de Cuidados do Ceará
Diante de tantos desafios, ele alerta para a importância de investir no autocuidado para conseguir cuidar do outro. “É necessário o profissional da saúde desenvolver, durante a rotina, estratégias para que ele consiga ser apoio para o sofrimento do outro, como prezar por uma boa rotina de sono, praticar atividade física, manter alimentação saudável e fazer psicoterapia, pois são ações necessárias para o profissional de saúde lidar melhor com o sofrimento do outro e também para aquele familiar que está próximo do paciente e precisa ser um suporte de proteção e conforto para quem está sendo cuidado”, finaliza.
Dia do Médico
O Dia do Médico é celebrado anualmente em 18 de outubro. A comemoração é uma forma de reconhecer e homenagear o trabalho dos profissionais que dedicam a vida ao bem-estar e à saúde das pessoas, aliando cuidado, valores e propósito.