Reabilitação após AVC: cuidado multidisciplinar do HGWA transforma vidas

24 de outubro de 2025 - 12:44 # # # #

Bruno Brandão - Ascom HGWA - Texto e Fotos

Os cuidados da reabilitação são feitos diariamente em todos os leitos de internação do AVC

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de incapacidade no mundo, exigindo um processo de reabilitação cuidadoso e contínuo. No Ceará, o Hospital Geral Waldemar Alcântara (HGWA), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), é referência nesse tipo de atendimento. Com 33 leitos dedicados à reabilitação de pacientes acometidos por AVC, o hospital conta com uma equipe multiprofissional que atua de forma integrada, formada por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, farmacêutico clínico, terapeutas ocupacionais, psicólogos, nutricionistas e assistentes sociais, para oferecer um cuidado completo e humanizado aos pacientes em recuperação.

Embora não seja um hospital de emergência, o HGWA recebe pacientes encaminhados pela Central de Regulação do Estado, dando continuidade ao tratamento após a fase aguda do AVC. É nesse ambiente de acolhimento e reabilitação que histórias de superação ganham novo significado.

No dia 3 de outubro, o caminhoneiro Leandro Marins, de 43 anos, vivenciou um dos momentos mais difíceis de sua vida. Enquanto descansava dentro do caminhão, em Caucaia, conversando com a esposa por chamada de vídeo, ele começou a se engasgar e perdeu os sentidos. “Lembro vagamente. Estava na rede, dentro do caminhão. Fui tomar uma água, a cabeça rodou e o telefone caiu. Depois disso, só lembro de acordar no hospital”, relata Leandro, que mora no Rio de Janeiro e estava no Ceará a trabalho.

O motorista foi levado ao Hospital Geral de Fortaleza (HGF), onde recebeu o diagnóstico de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e passou por uma craniotomia, ficando 14 dias entubado. Após estabilização, foi transferido para o HGWA, onde iniciou o processo de reabilitação com apoio da equipe multidisciplinar. “Descobri que tinha sido um AVC. Agora tenho que me cuidar e vou. A saúde do Ceará é nota dez”, conta emocionado.

A esposa dele, Letícia de Oliveira, que veio do RJ para acompanhá-lo, diz que a experiência foi um grande susto, mas também um aprendizado. “Sempre fiquei de olho na saúde dele, mas ele não queria colaborar. Agora ele vai ter que se cuidar”, afirma.

“Agora ele vai ter que se cuidar”, afirma a esposa

Equipe em prol da reabilitação

A Unidade de AVC do HGWA é um espaço voltado à recuperação funcional e emocional de pessoas que sofreram lesões neurológicas. O principal objetivo é restaurar a autonomia do paciente e garantir melhor qualidade de vida, sempre com atenção integral às necessidades físicas, cognitivas e emocionais. A recuperação de pacientes com AVC é acompanhada de perto por profissionais de diferentes áreas. Cada um atua em um aspecto essencial do processo de reabilitação, tornando o cuidado verdadeiramente integral.

A psicóloga Lorenna Carvalho destaca o impacto emocional do AVC nos pacientes. “Eles chegam muito fragilizados, com medo e angústia, especialmente quando têm dificuldade de se comunicar. Por isso, usamos outros meios, como gestos, placas e imagens, para que se expressem. Fazemos escuta qualificada e acompanhamento frequente, inclusive mais de uma vez por semana quando necessário.”

Os profissionais da terapia ocupacional, fisioterapia e fonoaudiologia conversam entre si sobre os cuidados diários aos pacientes

O terapeuta ocupacional Fábio Henrique do Amaral explica que o objetivo é ajudar o paciente a retomar o máximo possível de sua funcionalidade. “Realizo a avaliação funcional e trabalho para que o paciente volte a fazer o básico do dia a dia, dentro de suas limitações. Nossa meta é a independência, mesmo que parcial.”

Já a fonoaudióloga Mayara Castro atua com pacientes que apresentam dificuldades para engolir ou falar, também promovendo o retorno da alimentação em sua totalidade. “Muitos precisam de sonda para se alimentar. Nosso trabalho é fazer com que voltem a se alimentar e beber com segurança, evitando complicações como broncoaspiração ou infecções. Também trabalhamos os aspectos da fala e da linguagem, buscando recuperar ou adaptar novas formas de comunicação.”

A fisioterapeuta Maira Jane reforça a importância da reabilitação física precoce. “Avaliamos a mobilidade, o equilíbrio e a força muscular do paciente. Nosso objetivo é fazer com que ele volte a ficar de pé e, progressivamente, a andar novamente, com o uso de acessórios e apoio da equipe. É um trabalho conjunto, onde cada avanço é celebrado.”

Prevenção

A médica neurologista do HGWA, Joyce Benevides, explica que o tratamento do AVC tem dois pilares: identificar a causa e iniciar a reabilitação quanto antes. Ela explica que quanto mais precoce e intensa for a reabilitação, maiores as chances de o paciente recuperar a funcionalidade. “Cada caso é único, mas o acompanhamento multiprofissional faz toda a diferença. Os principais fatores de risco são hipertensão, diabetes, colesterol alto, sobrepeso e tabagismo. Manter hábitos saudáveis, controlar a pressão arterial e ter acompanhamento médico regular são medidas essenciais.”

A neurologista diz que existe um perfil mais comum de pacientes acometidos por AVC, em sua maioria são pessoas acima dos 65 anos, com comorbidades relacionadas ao AVC, hipertensão, diabetes sem controle, colesterol alto, sobrepeso. Também pessoas que fumam têm o risco mais alto, assim como pessoas mais velhas. É importante também ficar atento aos sinais. “Os principais sintomas do AVC são alterações abruptas, súbitas, de força, de falar ou do movimento da face. No aparecimento de qualquer um desses sintomas a pessoa deve procurar uma emergência médica para evitar complicações e que a recuperação seja a melhor possível”, recomenda.