Ceará Moda Acessível destaca inclusão na passarela e amplia debate sobre moda para pessoas com deficiência
25 de novembro de 2025 - 12:43 #Ceará Moda Acessível #inclusão #moda #PCD
Rafaela Leite - Ascom SPS - Texto
Cláudio Rocha - SPS - Fotos

Promovida pela SPS, a 6ª edição do evento acontece nesta sexta-feira (28), com peças criadas por estudantes e profissionais de moda
As roupas ainda podem representar barreiras invisíveis para boa parte da população. De acordo com dados do IBGE 2022, somente no Ceará, cerca de 760 mil pessoas têm algum tipo de deficiência. O número corresponde a 8,9% da população. Para mobilizar o setor e estimular novos criadores a pensarem roupas que atendam a esse público, a Secretaria da Proteção Social (SPS) realiza, nesta sexta-feira (28), o desfile da 6ª edição do Concurso Ceará Moda Acessível. O evento acontece no Shopping RioMar Kennedy, às 14h30.
A iniciativa reúne 10 estilistas, entre estudantes e profissionais, que levam à passarela 13 looks pensados para promover autonomia, conforto e representatividade a pessoas com deficiência. A ação busca estimular a criação de peças que considerem as necessidades reais de pessoas com diferentes deficiências, unindo estética e funcionalidade em atividades diárias.
Entre os estilistas está a estudante de Moda Liana Rebeca (25), que prepara duas peças para o concurso. Ela conta que conheceu o projeto em sala de aula e, mesmo sem experiência prévia com moda acessível, viu no concurso uma oportunidade de ampliar seu repertório. “Eu nunca tinha pensado em fazer roupas adaptadas, pensei que fosse uma coisa bem mais complicada do que realmente é”, lembra ela, que apresentará um vestido para uma modelo com amputação na perna.

Para ela, o concurso trouxe uma mudança sobre a percepção de como a indústria trata a diversidade. “No processo de fazer uma peça, quando a gente está estudando, a gente pensa sempre num tipo de modelo muito específico. E, por mais que isso tenha mudado muito, atualmente as marcas maiores meio que ditam o tipo de pessoa que vai usar a peça. É o contrário. Eles pensam, ‘eu quero atingir esse tipo de público específico’, e eu acho isso extremamente desumano, porque você vê que detalhes muito pequenos fazem a peça ser acessível. Por exemplo, uma abertura lateral, para pessoa cadeirante, é muito mais fácil. São coisas simples de mudar e que, no mercado, a gente não vê muito”.
Brilho, técnica e sensibilidade
Outra participante é a designer de Moda, Brenda Quíria (27), que apresentará dois looks adaptados: um para pessoa com deficiência visual e outro para pessoa cadeirante. “Eu queria algo com brilho, que a modelo vestisse e se sentisse linda”, afirma.

Para o look da modelo com deficiência visual, Brenda criou um vestido-avental com amarração e detalhes em cristais bordados à mão, que ajudam a identificar a parte frontal da peça por meio do tato. Já o look para coordenação motora reduzida inclui uma blusa aberta nas laterais, que fecha com botões, e uma calça com elástico traseiro, facilitando o vestir em posição sentada. “Moda é para todos. Ela tem que ser acessível”, ressalta.
Formação, mercado e transformação
Para a coordenadora do Cepid, Regina Tahim, cada edição é um passo para a formação profissional e para a mudança de visão sobre acessibilidade na moda. “A gente instiga os alunos a pensarem moda dentro do conceito de acessibilidade. É importante entender que acessibilidade não é só arquitetônica, também é atitudinal. Quando a gente não pratica bullying contra as pessoas, quando a gente respeita os espaços delas, quando a gente não pratica o capacitismo. E a acessibilidade dentro desse mundo da moda, porque as pessoas com deficiência também são consumidoras”, frisa.

Além das criações dos estilistas, o evento conta com participação de modelos com diferentes tipos de deficiência, e com o trabalho de alunos dos cursos de Maquiagem, Cabeleireiro e Fotografia, todos atendidos pelo Centro de Profissionalização Inclusiva para a Pessoa com Deficiência (Cepid), coordenado pela SPS.
O resultado do concurso será anunciado durante o evento e premiará três estilistas, com valores entre R$ 2 mil e R$ 4 mil.
Sobre o Cepid
O Centro de Profissionalização Inclusiva para a Pessoa com Deficiência (Cepid) atua em três áreas de atuação: capacitação, inserção no mercado de trabalho e esporte. De janeiro a outubro de 2025, 381 pessoas foram qualificadas através do Centro; 122 pessoas foram inseridas no mercado de trabalho, das quais 82 foram PCDs (67%); e uma média de 117 pessoas foram atendidas mensalmente em nove atividades de paradesporto.
Serviço
6º Concurso Ceará Moda Acessível
Quando: sexta-feira (28), 14h30
Onde: Shopping Riomar Kennedy (Av. Srg. Hermínio Sampaio, 3100 – Pres. Kennedy)