Reabilitação que acolhe: Serviço de Atendimento Domiciliar do HGWA fortalece autonomia e afeto no ambiente familiar
9 de dezembro de 2025 - 15:37 #AME #atendimento #cuidadores #cuidar de quem cuida #domiciliar #encontro #medula #SAD #saúde #Sesa
Texto e fotos: Bruno Brandão / Ascom HGWA
Pacientes e cuidadores participaram de encontro no HGWA
O Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD) do Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), tem sido um elo fundamental para o cuidado humanizado, a autonomia e a qualidade de vida de pacientes que, por suas condições de saúde, necessitam de acompanhamento contínuo em casa. Com visitas diárias, planos terapêuticos individualizados e uma atuação integrada entre profissionais e famílias, o SAD transforma rotinas e impulsiona histórias de superação.
Na última sexta-feira (5), o serviço promoveu o encontro de cuidadores, um momento de troca entre famílias assistidas, reflexo do trabalho realizado todos os dias. Entre essas histórias está a de Carlos Gabriel (foto), 26 anos. Aos 16, ele foi ferido a bala. O disparo atingiu diretamente a medula, deixando-o tetraplégico. A rotina do jovem ganhou novo rumo quando o SAD passou a acompanhar sua reabilitação. “Hoje consigo ter uma vida normal. Pela qualidade de vida que tenho, consigo ir para qualquer lugar. Realizei o desejo de ir a um estádio, ao cinema, ir para a igreja”, conta Gabriel, sempre ao lado da mãe, Elizangela, que é também cuidadora dele.
O vínculo criado com a equipe do SAD foi decisivo para a evolução: “é muito bom poder contar com o apoio do SAD e os profissionais que eles nos disponibilizam. São pessoas que estão presentes no meu dia a dia. Tenho fisioterapeuta graças ao SAD e isso me ajuda a ter uma qualidade de vida melhor. Foi graças à equipe que eu consegui sair da ventilação mecânica”.
Outra trajetória marcada pelo cuidado é a de Maria Isabel, de 11 anos, diagnosticada com Atrofia Muscular Espinhal (AME) tipo 1. A pequena Bel foi desospitalizada aos oito meses e, desde então, recebe atendimento domiciliar pela equipe do HGWA. A mãe, Naiana Menezes, relembra o início do tratamento. “Quando desospitalizamos a Bel, ela tinha oito meses. Desde então, ela é atendida pelo SAD. Hoje ela é acompanhada três vezes na semana pela fisioterapia. É muito bem amparada pela equipe de pediatria”, afirma.
A rotina da família, que inclui o pai, Francisco Leandro, é organizada entre terapias e momentos de afeto: “Fazemos passeios com ela nos finais de semana. Ela também tem aula duas vezes na semana, tem terapia ocupacional. Descobrimos a doença quando ela ia fazer três meses. Aos sete meses, ela fez a traqueostomia, que continua até hoje.”
A rotina da família é organizada entre terapias e momentos de afeto
Rede assistencial que faz a diferença
Para acompanhar de perto essas jornadas, profissionais dedicados constroem diariamente uma rede de apoio. A coordenadora médica do SAD, Zenaide Ribeiro Ponte, reforça a essência do trabalho: “Todos os dias fazemos visitas domiciliares. Estamos acompanhando o processo no dia a dia desses pacientes. É um cuidado voltado para as necessidades individuais de cada um, e também voltamos o olhar para o cuidador”, destaca.
Com 210 pacientes ativos, o serviço mantém reuniões mensais, planos terapêuticos e monitoramento contínuo. “Vemos as intercorrências e as melhorias desses pacientes. A independência que conquistam com as nossas equipes no projeto de reabilitação é muito gratificante. Eles se sentem acolhidos.”
Na dimensão emocional, o trabalho da psicologia é peça fundamental. A psicóloga Renata Mesquita explica que o acompanhamento vai além do alívio das dores físicas. “A psicologia tem uma importância muito grande. Trabalhamos as questões emocionais do paciente, medos, lutos, fortalecimento da autonomia. É um trabalho contínuo”, pontua.
Segundo ela, o olhar também se estende a quem cuida: “O cuidador entrega sobrecarga, fragilidade emocional. Muitas vezes só o paciente é visto e ele esquece das próprias dores para cuidar do outro. A psicologia mostra o quanto ele é importante e fundamental na melhora do paciente”, diz.