Cagece desenvolve plano proativo de gestão de secas e coloca o Ceará na vanguarda nacional
22 de dezembro de 2025 - 14:33 #cagece #gestão de secas
Texto e fotos: Ascom Cagece
Com a memória viva da longa estiagem de 2011 a 2018, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) está desenvolvendo e implementando um ineditismo no Brasil: o Plano de Gestão Proativa de Secas. A iniciativa visa substituir a abordagem reativa do passado por ações estratégicas e preventivas, vinculadas a marcos claros de segurança hídrica.
Com a memória viva da longa estiagem de 2011 a 2018, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) está desenvolvendo e implementando um ineditismo no Brasil: o Plano de Gestão Proativa de Secas. A iniciativa visa substituir a abordagem reativa do passado por ações estratégicas e preventivas, vinculadas a marcos claros de segurança hídrica.
Em resposta aos desafios impostos pelo ciclo de secas que atingiu o Ceará de forma severa entre 2011 e 2018, a Cagece está desenvolvendo um Plano Proativo de Gestão de Secas. O objetivo central é estabelecer ações operacionais e institucionais conforme os marcos relacionados à condição de seca dos mananciais e do sistema de abastecimento, resultando na antecipação e mitigação dos impactos da seca, aumentando a segurança do abastecimento para a população e minimizando os impactos econômicos, sociais e ambientais.
A Cagece tem uma forte representatividade na gestão dos impactos da seca, contudo, a necessidade de marcos e gatilhos claros para deliberação e acionamento das ações constitui um desafio para viabilizar as ações em tempo adequado.
Da reatividade à proatividade: um modelo inovador
O novo plano da Cagece, desenvolvido em articulação com a Universidade Federal do Ceará, no âmbito do Programa Cientista Chefe de Recursos Hídricos, é considerado o primeiro do tipo no Brasil voltado para a gestão de sistemas de abastecimento de água contextos de seca e escassez hídrica, com enfoque em gestão de risco e resposta escalonada.
A iniciativa insere-se em um conjunto de esforços estaduais que incluem a proposta de Política de Gestão Proativa de Secas para os Recursos Hídricos do Ceará e a elaboração de Planos de Bacias Hidrográficas, Plano de Hidrossistemas e Plano de Cidades, com foco em Sistemas de Abastecimento de Água, sendo este último coordenado pela Cagece.
“No mundo, poucos países como a Espanha e Estados Unidos possuem Planos com características proativas operacionais urbanos. No Brasil, o Ceará é o primeiro a desenvolver um plano proativo de gestão de secas para sistemas de abastecimento de água” afirma Cailiny Medeiros, gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Tecnológica na Cagece.
Ações vinculadas a marcos de segurança
A chave do plano proativo é a estruturação de ações e estratégias atreladas a quatro níveis de alerta estabelecidos a partir de indicadores e marcos de condição de seca,associados aos níveis dos açudes que abastecem os sistemas.
Esses marcos: a) Nível Normal, b) Nível de Alerta, c) Nível de Seca e d) Nível de Seca Extrema foram definidos após estudos complexos que consideraram fatores hidrológicos e climáticos (incluindo variáveis pluviométricas), histórico das secas, dentre outros.
O Nível de Alerta, por exemplo, serve como um sinal de partida para a Cagece iniciar uma série de ações estratégicas antes que condição de seca se intensifique, como:
-> Início de Licitações: Antecipar a aquisição de materiais e serviços necessários para gestão dos impactos da seca;
-> Tarifa/medidas de contingência: avaliação e, quando cabível, adoção de instrumentos regulatórios e de comunicação para induzir redução de consumo e uso racional.
-> Articulações Institucionais: Acionar e alinhar-se com a agência reguladora, o governo do Estado e outras instituições.
A importância dessa abordagem é o ganho de tempo. “Os marcos estabelecidos em relação aos níveis dos açudes funcionam como ‘gatilhos de decisão’: transformam o volume armazenado em comando de ação, garantindo antecipação, previsibilidade e governança,” destaca Cailiny. Com os marcos definidos, os gestores têm a orientação necessária para realizar ações mais assertivas e custo-efetivas.
Piloto em oito municípios
O desenvolvimento da metodologia do plano está sendo realizado em fases, com um projeto piloto que abrange oito municípios inicialmente.
O sistema de Crateús já teve seu plano proativo concluído e entregue, com propostas de soluções simples e eficientes para adequação do sistema de abastecimento. O próximo a ser contemplado é o Sistema de Abastecimento de Água de Senador Pompeu, enquanto Fortaleza será o último, considerando as lições aprendidas ao longo dos demais sistemas. Os critérios de seleção dos sistemas se dá pela existência do plano de hidrossistema (que estabelece os marcos) e metodologia, ainda em fase de validação.
Após a estruturação completa da metodologia nos oito sistemas pioneiros, a Cagece espera expandir o plano de forma ágil e com racionalização de custos para todos os demais municípios sob sua concessão, fortalecendo a resiliência hídrica e a capacidade institucional de resposta de todo o Ceará.
