Fortaleza lidera transformação digital no Nordeste com hub de cabos submarinos e energia renovável
23 de dezembro de 2025 - 15:28 #cabos submarinos #Etice #tecnologia
Texto e arte gráfica: Ascom Etice

Fortaleza é apontada pelo Banco Mundial como principal hub de cabos submarinos da América Latina, que conecta o Brasil aos Estados Unidos, Europa e África, no estudo “Nordeste Digital: Fundamentos para a Elaboração de uma Estratégia de Transformação Regional”. “Esse hub não é apenas um avanço tecnológico; é uma ferramenta estratégica para atrair investimentos”, afirma o relatório.
“Com mais de US$ 2 bilhões em aportes privados já realizados, o Ceará se torna atrativo para data centers, plataformas globais e empresas que priorizam baixa latência e segurança de conexão”, destaca o documento, produzido para o Consórcio Nordeste. Acrescenta o estudo que essa rede internacional coloca o Nordeste diretamente na rota do tráfego global de dados, por oferecer latências mais baixas do que as rotas tradicionais do Sudeste.
O Banco Mundial destaca ainda que a vantagem geoeconômica do hub cearense viabiliza operações intensivas em transmissão, como computação em nuvem, jogos online, streaming, transações financeiras e inteligência artificial (IA) de alta demanda. O estudo, de autoria de Raimundo Nogueira da Costa Filho, Luciano Charlita de Freitas, Julian Najles e Luís Alberto Andrés, menciona o protagonismo do Cinturão Digital do Ceará (CDC), da Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice), no contexto da transformação digital no Nordeste.
“Paralelamente, o estado avança na interiorização da conectividade, com projetos como o Cinturão Digital do Ceará, que estende milhares de quilômetros de fibra óptica a cidades médias, pequenas e áreas rurais. Essa expansão permite serviços antes impensáveis no interior, como telemedicina em tempo real, educação a distância de alta qualidade e governança digital avançada”, assinala. Segundo o relatório, iniciativas semelhantes na Bahia e Pernambuco complementam o esforço, garantindo que a conectividade global não fique restrita às capitais, mas alcance escolas, centros de saúde, parques industriais, universidades e comunidades remotas.
“Essa capilaridade transforma a digitalização em um processo econômico, social e territorial, combate desigualdades históricas no acesso à informação e cria oportunidades para inovação local”. Outro pilar da competitividade cearense, citado pelo Banco Mundial, é a instalação de data centers sustentáveis, impulsionada pela abundante energia renovável.
“O Nordeste, liderado pelo Ceará, desperta interesse de empresas como AWS, Microsoft e Google, que veem a região como um dos locais mais competitivos das Américas para operações de centros de dados. Os fatores chave incluem energia renovável barata e previsível, proximidade com cabos submarinos e clima favorável a sistemas de refrigeração eficientes, que reduzem custos operacionais”, acrescenta o documento.
De acordo com o relatório, “avanços pioneiros, como a integração de energia solar com refrigeração de data centers, posicionam o Ceará não apenas como receptor de tecnologia, mas como gerador de modelos sustentáveis replicáveis globalmente. A região detém a maior capacidade eólica e solar do Brasil, com fatores acima da média mundial, tornando a energia limpa uma variável decisiva para competitividade, estabilidade e atração de investimentos de longo prazo”.
Visita do Banco Mundial ao Ceará
Um dos autores do estudo, Luciano Charlita de Freitas, especialista sênior em Desenvolvimento Digital do Banco Mundial, esteve este mês na sede da Etice com Hugo Figueirêdo, presidente da empresa, para tratar da agenda da visita a Fortaleza, em 2026, da presidente da Diretora Global de Transformação Digital do Bird em Washington, Christine Zhenwei Quiang. Ela manifestou interesse em conhecer de perto o movimento de atração de data centers para o Ceará ao encontrar o dirigente da Etice no Powering Data Centers Workshop, ocorrido em novembro deste ano na Cidade do Porto, na África do Sul, evento que teve o Banco Mundial como um dos promotores.

A oferta de energia de fontes limpas liderada pelo Ceará é estratégica, conforme o relatório Nordeste Digital. “Combinada com a interligação de sistemas elétricos, essa matriz renovável permite vislumbrar o Nordeste – com Fortaleza à frente – não só como produtor de energia, mas como exportador de serviços digitais “limpos”, onde o valor econômico deriva de dados processados com baixíssima pegada de carbono. Especialistas preveem que essa dinâmica pode gerar milhares de empregos qualificados e posicionar o Ceará como líder na economia digital sustentável da América Latina”.
Energia renovável
A instalação de data centers sustentáveis, impulsionada pela oferta abundante de energia renovável, configura outro pilar central da infraestrutura regional, conforme o estudo. O Nordeste é um dos locais mais competitivos das Américas para operação de data centers, por assegurar energia renovável barata, previsível e de baixo risco regulatório, estar próxima dos principais cabos submarinos, e possuir clima adequado para sistemas de refriamento de baixo consumo energético, que diminuem drasticamente o custo operacional.
“A energia renovável constitui a vantagem estrutural mais contundente do Nordeste. A região detém a maior capacidade eólica e solar do Brasil e uma das maiores do mundo, com fatores de capacidade acima da média global. No contexto da economia digital, energia limpa não é apenas uma questão de sustentabilidade: é variável determinante para competitividade, estabilidade de operação e atração de investimentos de longo prazo”, argumenta o estudo do Bird.
Segundo o Banco, a matriz renovável nordestina reduz custos, agrega previsibilidade e atende exigências ESG de empresas internacionais. “Combinada com a interligação dos sistemas elétricos, essa matriz permite imaginar o Nordeste não apenas como produtor de energia, mas como exportador de serviços digitais limpos, nos quais grande parte do valor econômico deriva de dados processados com baixíssima pegada de carbono”, conclui.