Superação faz parte da rotina de mulheres no Hospital São José

9 de março de 2018 - 17:24 # # #

Assessoria de Comunicação do Hospital São José - (85) 3101-2324

“A doença me trouxe muitos problemas, mas foi através dela que descobri em mim uma nova mulher, muito mais forte. Não vivo em prol do HIV. Não mesmo”. A fala acompanhada de um sorriso largo é de Anny Jackeline Alves, de 44 anos, paciente do Hospital São José de Doenças Infecciosas, do Governo do Ceará.. Desde 2000, quando descobriu que tinha o vírus, ainda guarda alguns sinais na fala e na memória.

Porém, nem a voz trêmula em alguns momentos ou o pensamento que às vezes foge da rota são maiores do que a força que essa cearense de Quixadá tem. Anny contraiu HIV de um relacionamento anterior, o qual, para ela, era opressor. “Antes do HIV, eu não sabia o que era amor de família. Eu não sabia o que era um beijo da minha mãe até o dia que, no hospital, ela me beijou na testa e disse: ‘você vai voltar para seu quarto logo, na sua casa’. E a família toda se uniu através de mim, da minha doença”, fala Anny, que hoje tem um filho de 23 anos e está em um relacionamento sério há mais de 14 anos.

Segundo a infectologista do Hospital São José, Evangelina Pompeu, Anny tem uma boa qualidade de vida porque se cuida como deve. “É preciso que a pessoa encare a doença com positividade e não com negatividade. Fazer exames, seguir o esquema de medicamentos, fazer exercícios físicos garantem uma boa qualidade de vida”, ressalta a médica.
Esse cuidado garante até hoje qualidade de vida que Credileuda Azevedo tem, mesmo com HIV desde 1993. O vírus HIV veio de onde ela menos esperava, do marido. Ele negligenciou o tratamento e acabou morrendo. “Eu me cuidei e me cuido até hoje. E não é porque tenho HIV que a vigilância com minha saúde diminuiu. Se meu parceiro não quer usar o preservativo, vou embora”, enfatiza.

Solidariedade

Anny, através do Movimento das Cidadãs PositHIVas, no Ceará, e Credileuda, da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids, levam força e informação com oficinas, palestras sobre direitos, além de outras atividades para mulheres que vivem com HIV.

Assim como elas, outras mulheres ficam internadas para tratamento do HIV ou de outras infecções no Hospital São José, referência no tratamento de doenças infecciosas. Além da atenção médica, exames e medicamentos, tem ainda os cuidados que acabam mexendo com a autoestima dos pacientes. São os cuidados carinhosos de outras mulheres que deixam casa, família, para oferecer atenção, uma conversa ao pé do ouvido, um trato no cabelo e nas unhas das pacientes que, às vezes, nem recebem visita. Essas são as voluntárias do Grupo Girassol.

“Quando meu pai adoeceu, eu e meus 11 irmãos nos revezávamos para cuidar dele até ele falecer. Tem gente aqui que não tem filho, parente nenhum para cuidar. Quem ganha ajudando essas pessoas aqui sou eu”, diz emocionada a aposentada Elenilda Pinto, que acorda às três e meia da manhã para sair da cidade de Acarape, a 72 quilômetros de Fortaleza, e chegar no horário certinho no Hospital São José.

Para Elenilda, todo dia é dia da mulher, mas neste mês ela quer homenagear Dona Raimunda Mendes, de 83 anos, a quem conheceu em uma das enfermarias do Hospital São José, Dona Raimunda trabalhou 40 anos na reciclagem de lixo e conseguiu criar seis filhos. Hoje, por conta de uma infecção grave, ela corre o risco de perder uma parte da perna. Com um otimismo contagiante, ela afirma: “minha filha, o médico disse que eu ainda vou ficar com meus braços bons e minhas mãos boas. Vou poder fazer meus tapetes e vender. Ninguém aqui falou em morte não, filha. Ainda tem jeito sim”.

“Essa força e otimismo que muitos pacientes apresentam, mesmo em situações delicadas, sem dúvidas, é a união do tratamento medicamentoso do hospital e do tratamento carinhoso das voluntárias”, declara a infectologista Evangelina Pompeu, primeira mulher a assumir a direção-geral do Hospital São José, em 1995.