Exportação de peixes ornamentais cresce acima de 86% entre janeiro e setembro

20 de outubro de 2020 - 10:50 # # # # #

Darlan Moreira - Ascom Sedet - Texto
Tatiana Fortes e Arquivo Pessoal - Fotos

 

Nos primeiros nove meses do ano foram exportados US$ 490 mil. No mercado interno, o crescimento nas vendas foi de até 35%

Os peixes ornamentais são uma segmentação da piscicultura cearense que está cada vez mais relacionada a bons negócios. Em termos de exportações, houve crescimento de 86,4% nos primeiros nove meses de 2020 em relação ao mesmo período do ano anterior. Evolução de US$ 263 mil para US$ 490 mil. Com o mercado pet cada vez mais em expansão, a Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet) acredita na ampliação desse mercado no estado em até 30% este ano.

“Estamos atentos ao potencial desse segmento e prontos para atender as demandas que surgirem por meio do programa governamental da Aquicultura e Pesca”, observa Sílvio Carlos, secretário-executivo do Agronegócio da Sedet. “Temos grande interesse na formalização de empresas e na desburocratização de processos. Nossa orientação é criar um ambiente cada vez mais propício ao desenvolvimento de negócios”, complementa.

Paulo Araújo Pinto, da Agroquímica Comércio e Produtos Veterinários, com sede em Fortaleza e que revende produtos para cerca 400 lojas nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí e Maranhão, comenta sobre a mudança positiva observada nos meses recentes. “Estamos apostando num bom crescimento nos negócios. Ficamos sem receber alguns insumos por até dois meses em função da grande demanda a partir de maio”, informa.

Mercado pet

O mercado pet é mundialmente expressivo e onde o Brasil também tem importante presença. Segundo Ivan Oliveira, que preside a Associação de Criadores e Lojas de Aquário do Ceará (Aclace), levantamento de 2013 já apontava o Brasil como quarto maior mercado para pet do mundo – e o segundo quando considerados apenas cães, gatos e aves de canto.

Para o mercado de peixes ornamentais a tendência é concluir 2020 com crescimento expressivo em relação ao ano anterior. “Estimamos crescimento de 15% na nossa empresa, mas há gente no mercado apostando em expansão de até 30%”, informa Oliveira, que dirige a empresa Tanganyika, no município de Aquiraz, onde produz mais de 300 variedades de peixes, além de outros produtos da piscicultura. Além de peixes de água doce, a empresa cria espécies marinhas e corais e emprega quatro engenheiros de pesca e outros 50 funcionários.

Ele relata que a Aclace recebe apoio do Governo Ceará, por meio da Agência de Desenvolvimento Econômico do Ceará (Adece), órgão vinculado ao sistema Sedet, para promoções dos produtos da piscicultura cearense em feiras e eventos e, mais recentemente, novo aceno da Secretaria para avaliar novas demandas e formular projetos e ações voltadas para o desenvolvimento do setor.

Mercado Interno

O crescimento do segmento também é observado no mercado interno. Segundo Luis Andre Bastos, CEO da Mundo Pet, foi observado este ano um acréscimo entre 30% e 35% na venda de peixes ornamentais. Cães e gatos representam 80% do negócio da rede de pet shop, estando os peixes entre 3% e 5%. O que indica que ainda há muito a crescer.

“Há uma crendice que criar peixes dá trabalho, morre fácil, que é difícil cuidar. Garanto que não é nada disso. E hoje ter um aquário em casa é muito mais fácil que há cinco anos. Produtos que foram lançados, investimentos desse mercado, tudo favoreceu para facilitar o acesso e o crescimento do setor”, explica Luis Andre, acrescentando que a maior atração da Mundo Pet é o aquarismo.

Tradição exportadora

Há 29 anos atuando no setor de exportações de peixes ornamentais, Hudson Crizanto, da H&K Peixes Ornamentais, diz que o mercado de peixes tem tendência promissora. “Em março, por causa da pandemia, houve bloqueio total do transporte para nosso mercado no exterior. Porém de maio em diante, houve uma demanda tão grande que faltou peixe para vender para nossos principais clientes”.

Ele avalia como positivo também os voos internacionais a partir de Fortaleza. “Antes a gente tinha que mandar os peixes para São Paulo, para de lá embarcar para o exterior. Perdíamos um dia nesse processo e pagávamos fretes até quatro vezes mais caro em relação aos voos diretos seguindo de Fortaleza. Isso faz uma grande diferença para o nosso negócio”, explica.

Hudson Crizanto estima que, se não houver novo “lockdown” na Ásia e Europa, as exportações cearenses tendem a alcançar um patamar entre US$ 100 mil e US$ 120 mil mensais. Isso levaria as vendas internacionais para um volume superior a US$ 800 mil – bem acima dos US$ 556,6 mil registados em 2019. “No geral, até aqui está sendo um ano excelente para a cadeia de peixes ornamentais”.