Convocadas pela seleção brasileira, atletas do Cepid participarão do campeonato Sul-Americano na Argentina

3 de agosto de 2021 - 14:18 # # # # # # # # # #

Sheyla Castelo Branco - Ascom SPS - Texto e Fotos


As atletas cearenses da modalidade de basquete em cadeira de rodas Oara Uchôa (26), Ana Kelvia (27) e Lais Lima (27) se juntam, este mês de agosto, à Seleção Brasileira de Basquete Paraolímpico para participar do campeonato Sul-Americano, em setembro, na Argentina. Neste mês, o trio segue para o Espírito Santo, para uma jornada intensa de 15 dias antes de seguirem para o país vizinho. O treinamento das três atletas acontece no Centro de Profissionalização Inclusiva para a Pessoa com Deficiência (Cepid) da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS).

Oara se emociona ao falar do quanto é gratificante ver seu trabalho e das companheiras de equipe sendo reconhecido. “Passamos por tantas coisas difíceis antes de chegar aqui, Cada uma de nós traz uma história diferente e cheia de superações. Hoje, quando olho para trás e lembro que precisei abandonar meu sonho de jogar futebol e ser como a Marta, vejo que tudo tem um propósito, e eu encontrei o meu no basquete”, conta a atleta, que treina há seis anos no Cepid.

Aos 12 anos, Oara precisou amputar a perna por conta de um câncer. “Naquele tempo eu tinha medo de como as outras crianças iriam me olhar e parei até de ir à escola com vergonha”, lembra a atleta. “Quando eu descobri o esporte paraolímpico voltei a ter o brilho no olhar de quando era só uma garotinha que queria ser como a Marta. Comecei com a natação e logo depois me encontrei no basquete”, conta Oara, que está cursando o quinto semestre de Educação Física e foi medalha de bronze no Parapan 2019. “Essa convocação veio para nos dar um novo ânimo para seguir correndo atrás dos nossos sonhos, mesmo ainda enfrentando esse período de pandemia, que foi e está sendo muito difícil para todo mundo. Nós sabemos que podemos contar com o suporte do Cepid e isso faz muita diferença para gente que precisa treinar e ter um bom condicionamento físico para participar das competições”, destaca.

Nem o acidente de moto, nem o hipertireoidismo conseguiram parar Laís Lima, que assim como Oara, joga na posição de pivô, e além do basquete em cadeira de rodas treina também handebol no Cepid. “Eu sempre soube que o meu caminho era no esporte. Depois do acidente de moto, tive que reaprender a fazer coisas que antes pareciam simples, mas nunca perdi de vista o meu sonho que era de um dia jogar representando a seleção brasileira e agora estou há poucos dias de ver isso se tornando realidade. A alegria é tanta que não cabe em mim”, conta Laís, que se formou em Educação Física e treina desde 2018 para representar a seleção brasileira de basquete.

Ana Kelvia Silva treina ao lado de Lais e Oara, e conta que o esporte resgatou sua alegria de viver. “Em 2007, sofri uma lesão por conta de uma bala perdida e antes de chegar ao Cepid passei um longo período sem sair de casa. A impressão que eu tinha era que minha vida tinha estancado, me tornei também muito dependente da minha mãe, o que aos poucos foi destruindo minha autoestima”, explica Kelvia, que em 2014, descobriu o Cepid e desde então, sua trajetória de vida mudou. “Quando comecei a treinar basquete e vi outras meninas com deficiência tão independentes, fiquei surpresa. Um mundo novo e cheio de possibilidades se abria para mim. Foi ali que percebi que ainda podia ter minha autonomia e fazer o que eu quisesse”, explica Ana Kélvia.

A titular da SPS, Socorro França, destaca que o Cepid funciona como uma segunda casa para as pessoas com deficiência. “O Cepid não é só um equipamento para atender pessoas com deficiência, neste espaço muitos jovens conseguem recuperar sua auto-estima e voltar a sonhar. Aqui, nós conseguimos um entrosamento tão positivo com a comunidade que os alunos se sentem também responsáveis pelo espaço e acabam trazendo amigos e familiares para que também tenham acesso aos cursos e esportes ofertados na unidade”, explica a secretária.

“É muito bom ver nossas atletas conquistando esse espaço na seleção brasileira. Todas elas nos enchem de orgulho pelo empenho e pela garra com que treinam diariamente aqui no Cepid. Um espaço, que além de dar suporte para profissionalizar atletas paraolímpicos, também realiza capacitações e faz encaminhamentos para o mercado de trabalho”, ressalta a coordenadora do Cepid, Regina Tahim.

Além das atletas do basquete em cadeira de rodas, o Cepid também é uma segunda casa para Francisca Ferreira. A atleta é cadeirante e treina Tênis de Mesa há 9 anos. “Consegui manter meu rendimento porque tenho o suporte do Cepid, com livre acesso para treinar e aperfeiçoar minha técnica diariamente”, conta Francisca, que nos últimos quatro anos vem garantindo o primeiro lugar do Brasil na modalidade de Tênis de Mesa. No próximo mês, ela vai competir no TMB Challenge Plus, em Fortaleza.

Cepid

Atualmente, o Cepid atende 150 atletas, divididos em 15 turmas nas modalidades de basquete em cadeira de rodas, natação, hidroginástica, tênis de mesa, tênis de quadra e handebol. Inaugurado em fevereiro de 2014, o equipamento tem capacidade para atender até 1.200 pessoas. A unidade oferece estrutura completa para formação profissional, intermediação e inserção no mercado de trabalho e dispõe de salas de aulas, laboratórios para capacitação nas áreas de informática, de hotelaria, comércio, serviços administrativos, indústria criativa, bem como cursos de Libras. Possui também academia de baixo impacto, piscina e quadra poliesportiva acessível para diversas modalidades esportivas.

Serviço

Cepid: Avenida Senador Robert Kennedy, 128, Barra do Ceará
Contatos: 3101.2653 / 3101.2792
Email: centrodeprofissionalizacao@gmail.com