Sigo e Status: ferramentas inéditas de tecnologia são usadas no combate a crimes e controle de sinistros

28 de dezembro de 2021 - 15:15 # # # # # # # # #

Antonio Cardoso - Comunicação Institucional - Texto
Tiago Stille - Ascom Casa Civil - Fotos

Amplamente utilizada no dia a dia da sociedade moderna, no Estado do Ceará, a tecnologia tem sido muito bem aplicada na segurança pública. A partir da iniciativa do governador Camilo Santana, em 2018 foi criada, de maneira inédita no país, a Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp), órgão vinculado à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), cujo objetivo é a realização de pesquisas, estudos, projetos estratégicos e análise criminal para o fortalecimento da formulação de política de segurança pública no território cearense.

Resultado desse investimento, duas tecnologias têm se destacado e até sido premiadas, mostrando o quanto é importante a modernização e o bom uso da inteligência. Uma dessas ferramentas é o Sistema de Georreferenciamento Operacional do Ceará, mais conhecido como Sigo, desenvolvido pela Supesp, através da Diretoria de Estratégia de Segurança Pública (Diesp/Supesp). O Oficial do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará, coronel Ricardo Catanho, é um dos idealizadores do Sigo. Ele explica que o sistema foi criado para resolver determinados problemas operacionais principalmente junto ao Corpo de Bombeiros.

O primeiro, de acordo com Ricardo Catanho, seria a localização dos hidrantes, instrumentos muito importantes quando há o registro de incêndios de grandes proporções. “Até a chegada do Sigo a localização desses hidrantes dependia exclusivamente da memória, da experiência, da lembrança dos profissionais do Corpo de Bombeiros. Isso levava tempo. E tempo em relação a segurança pública pode significar perda de vidas”, relata. “Ou seja, os bombeiros quando precisavam localizar rapidamente esse hidrante precisavam sair perguntando, procurando. Se não houver um reabastecimento de modo imediato e tempestivo, esse incêndio poderá se alastrar e vidas poderão ser perdidas”, explica Catanho, afirmando que a partir da criação do sistema georreferenciado essa problemática foi totalmente extinta.

Outro grande problema com o qual a corporação se deparava dizia respeito às dimensões das vias, principalmente as circunvizinhas aos locais de incêndio, por onde carros de grande porte pertencentes à frota do Corpo de Bombeiros, não podiam passar e isso, muitas vezes, atrasava a ação da guarnição devido a congestionamentos e até pela necessidade de manobras em ruas sem largura suficiente ou onde não há espaço para estacionamento.

“O Sigo viabiliza a informação preditiva, antecipada, de qual rua cabe aquela viatura ou não. Ele calcula as dimensões das vias circunvizinhas ao local do sinistro e informa a equipe antes que ela chegue ao local”, conta o coronel do Corpo de Bombeiros, Ricardo Catanho. O Sigo também identifica o quartel mais próximo ao sinistro e traça as rotas ideais, tanto da unidade ao local do incêndio, quanto do local até os hidrantes mais próximos. “Isso agiliza e auxilia no gerenciamento da ocorrência, evitando a perda de tempo. Além disso, ele ainda também ajuda na medida em que informa para os operadores, qual é o poder operacional de cada unidade. Ou seja, mostra qual é a capacidade de água de cada um dos veículos, quantas pessoas estão de serviço, qual o endereço exato dessa equipe de serviço. Isso serve para verificar se a equipe mais próxima do sinistro também está apta, em condições qualitativas de atender aquela ocorrência”.

Dada a sua importância, o Sigo tem recebido prêmios e, a partir de sua visibilidade, o Ceará já recebeu visita de representantes de outros estados, interessados em replicar a estratégia. No último mês de novembro, a Comissão Coordenadora da Escola de Gestão Pública do Estado do Ceará (EGPCE) concedeu ao Sigo a Medalha do Prêmio Funcional do Mérito 2021, premiação concedida pelo Governo do Estado do Ceará aos servidores/empregados públicos estaduais que se destacam no exercício de suas funções específicas, por meio do desenvolvimento de ações inovadoras que visam a melhoria constante da qualidade dos serviços prestados ao cidadão. Antes, no mês de maio, o sistema conquistou o terceiro lugar na final do ‘VI Prêmio Anual Gestion para Resultados en el Desarollo 2020’, na categoria “Monitoramento e Avaliação – Províncias e Estados”. O Sigo foi o único representante, na categoria, do Ceará e do Brasil na premiação internacional promovida pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Como resultado do prêmio internacional, a Supesp foi convidada a apresentar a ferramenta no Seminário Internacional da Rede de Governos Subnacionais (Rede), que agrega países da América Latina e Caribe.

Status

Pensar como a tecnologia pode melhorar o trabalho dos agentes tem sido tarefa constante na Secretaria Estadual de Segurança Pública. Por isso, muito se tem investido no uso da ciência baseada em evidência, utilizando dados científicos e estatísticos, além da inteligência artificial e ciência de dados. Em fevereiro de 2021 foi lançada mais uma importante ferramenta de tomada de decisão no combate ao crime: o Sistema Tecnológico para Acompanhamento de Unidades de Segurança (Status), que consiste no uso de inteligência analítica para dados criminais.

A ferramenta foi desenvolvida pelo projeto Inteligência Científica e Tecnológica Aplicada à Segurança Pública, que é parte do Programa Cientista Chefe e fomentado pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap/CE), em parceria com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), sob a gestão da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp).

Franklin Torres coordena a Gerência de Estatística e Geoprocessamento (Geesp/Supesp). Ele explica que o Status é um software criado para suprir a necessidade de uma ferramenta customizada para o combate à criminalidade. “Nele, colocamos as estatísticas de segurança pública, unidades de violências, dados de atendimentos e ocorrências, por exemplo. A partir do carregamento desses dados conseguimos manuseá-lo mais rapidamente. Ele predefine processos, gera estatísticas georreferenciadas consistentes”, conta o estatístico.

As principais funcionalidades do Status consistem no uso de estatísticas qualitativas das ocorrências importadas por semana, mês e ano; uso de cenários a partir de cadastros de indicadores criminais; apresentação visual do ambiente por meio da realização das análises de mapas; análise de estatísticas por principais tipos criminais, entre outros.

“O georreferenciamento é feito através dos boletins de ocorrência (BOs) e inquéritos policiais que são nossa própria fonte de informação, gerados a partir da Polícia Civil. Mas também pegamos dados georreferenciados a partir de cada atendimento que é feito quando alguém liga pro 190, por exemplo, é gerado um ponto no mapa. Ou seja, a partir do endereço fornecido na ocorrência é feita uma marcação no mapa”, observa Franklin. “Se alguém liga de um telefone público nós conseguimos identificar a localização desse telefone e lançamos no mapa. Assim também fazemos quando a Perícia (Forense) vai ao local de um crime”.

Com os dados disponibilizados pelo Status, Franklin Torres afirma ser possível reduzir os índices de crimes nas áreas georreferenciadas. “Porque o próprio Status apresenta os locais, dias e horários em que mais acontecem as ocorrências. Com isso, é possível reforçar o policiamento naquela área. As Delegacias conseguem identificar claramente as suas áreas, assim como o perfil do crime, e enviam viaturas para patrulhar as áreas que concentram maior mancha de calor”.

Nenhuma tecnologia será suficiente se não houver a participação do cidadão no processo. Nesse sentido, o especialista ressalta que as pessoas comuns podem dar grande contribuição ao Status. “Quando esse cidadão liga para o 190 ou para a Polícia Civil, sem passar trotes, ou quando faz um Boletim de Ocorrência, levando o máximo de informações sobre hora, dia e local contribui para uma ação mais assertiva da polícia. Por exemplo, quando alguém é vítima de roubo não é suficiente dizer que o crime aconteceu na Avenida Bezerra de Menezes. Ela é muito extensa. Importante falar pelo menos um número aproximado. A população é o nosso maior aliado pra que a gente consiga trazer dados de qualidade e alimentar bem o sistema”, alerta o gerente da Geesp, Franklin Torres.