Unidade Prisional Irmã Imelda certifica 100% dos internos condenados pela Lei Maria da Penha em curso voltado para o enfrentamento da violência contra as mulheres
22 de junho de 2022 - 14:04 #fundação demócrito rocha #Lei Maria da Penha #violência contra a mulher #Violência de Gênero
Ascom SAP
A Secretaria da Administração Penitenciária, em parceria com a Fundação Demócrito Rocha, concluiu o curso de extensão denominado “O papel do homem no enfrentamento à violência contra a mulher”. Foram certificados 184 internos da Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes condenados pela Lei Maria da Penha.
O curso foi ministrado no formato EAD e dividido em quatro módulos com 60 horas/aulas. Os internos tiveram apoio durante a formação de 5 mediadoras composta por uma psicóloga, uma assistente social, uma terapeuta ocupacional, um advogado e da própria diretora da unidade. Os assuntos abordados foram a Violência de Gênero e modelos de masculinidade- Impactos das masculinidades tóxicas, A construção dos modelos de Masculinidade: infância, corpo e escola, Violência contra a mulher e relações de poder e Homens na sociedade ocidental – Os impactos produzidos pelas mudanças nas relações de gênero.
O objetivo da formação é contribuir para o conhecimento do enfrentamento da violência contra a mulher e também de como o universo masculino dialoga com o tema. Além disso, o curso aborda de forma clara sobre algumas ações contra a violência doméstica, trazendo o debate sobre a realidade cotidiana e a possibilidade de reduzir os impactos.
Na ocasião, estavam compondo a mesa o secretário da administração penitenciária, Mauro Albuquerque, a diretora da Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes, Ilana Ferro, a Secretária Executiva de Política para as Mulheres da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos, Denise Aguiar, a gerente pedagógica da Fundação Demócrito Rocha, Viviane Pereira, o juiz corregedor de presídios da Capital e Região Metropolitana, Raynes Viana, a juíza do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Rosa Mendonça, a Técnica da Casa da Mulher Brasileira do Ceará, Mayara Pessoa e membro da pastoral carcerária, Elizabeth Leite e a Coordenadora da Patrulha Maria da Penha de Itaitinga, Natália Cavalcante.
Como forma lúdica de comemorar a certificação e expôr a importância do combate contra à violência contra a mulher, a interna responsável pelo grupo de teatro da unidade “Portugays”, Barbie, cantou a música “Maria Maria” do artista Milton Nascimento. Ao final, os policiais penais do sistema prisional fizeram um vídeo como forma de sensibilizar os profissionais da categoria contra essa realidade que não escolhe classe social e assola vidas.
O secretário da administração penitenciária, Mauro Albuquerque, ressalta a importância do curso. “Gostaria de agradecer a Fundação pelo apoio e principalmente a toda equipe envolvida neste curso. O mais difícil nós conseguimos: quebrar essas barreiras e os paradigmas. Estamos mostrando que com simplicidade e querência conseguimos fazer qualquer coisa. Esse tipo de abordagem deveria ser obrigatório em todo o sistema prisional do Brasil. Aqui é o primeiro lugar em que se faz um trabalho focado nessa questão da violência doméstica e se Deus quiser ainda iremos alcançar 100% da população carcerária. Precisamos orientar as pessoas, respeitar, pensar duas vezes antes de tomar qualquer decisão. Todos os internos estão de parabéns pelo empenho em se redimir e mudar sua concepção”, disse.
A titular do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Rosa Mendonça, parabeniza o curso no âmbito prisional. “Não poderia deixar de comparecer a este momento tão importante. Estou muito feliz e emocionada. Estou a 15 anos à frente dessa questão e sempre acreditei que para transformar essa realidade nós teríamos que começar pelos autores da agressão. Esse curso vai trazer uma consciência e vai levar todo esse aprendizado pra vida. A responsabilidade é de todos nós nessa luta. Gostaria de parabenizar e ressaltar que estamos no caminho certo para transformar nossa sociedade”, conclui.
A gerente pedagógica da Fundação Demócrito Rocha, Viviane Pereira, agradece a parceria. “Gostaria de agradecer a diretora Ilana e ao secretário Mauro por acreditarem no potencial transformador do nosso curso. O curso não trás só de importante a formação e informação, mas também sobre trazer a consciência para algo mais amplo que é para a nossa sociedade. São infinitas possibilidades e ficamos muito felizes por ver que não só a unidade está abraçando essa causa, mas sim todos vocês que participaram e acreditaram que podem fazer diferente”, atenta.
A Secretária Executiva de Política para as Mulheres da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos, Denise Aguiar, se sente feliz com o desenvolvimento dos internos no assunto da violência contra a mulher. “Quando identificamos que a unidade teria um grande potencial para essa formação, contatei o secretário Mauro sobre a possibilidade e desde o início sempre foi coerente e 100% aberto a todos os projetos da secretaria da Mulher. Você nos deu a oportunidade de oferecer educação de dentro pra fora no sistema prisional. Consegui sentir uma enorme diferença de 2019 pra cá, pois vimos que o ser humano é capaz de mudar. A missão do curso é fazer, através dele, uma mudança real para todos os que participaram. Que todos vocês aproveitem as oportunidades, capacitações e estudos oferecidos pela unidade. Não desperdicem essa possibilidade de mudança”, afirma.
O interno da Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes, David Ribeiro, agradece pela oportunidade. “É importante observarmos que vivemos em uma sociedade absolutamente machista e o primeiro passo para mudar essa realidade deve ser nosso. Quando utilizamos a força ou violência, mostramos que nós que somos o sexo frágil e as mulheres que são fortes, pois grande parte suportam tudo isso em silêncio. O curso nos proporcionou uma visão privilegiada. Indico que esse assunto seja abordado em todo o âmbito prisional. Gostaria de agradecer ao secretário, a diretora e a Fundação por nos proporcionar essa oportunidade”, conclui.