Mulheres que fazem a diferença na Ceasa-CE

8 de março de 2023 - 15:05 # # # #

Helena Demes - Ascom Ceasa-CE - Texto e fotos

A rotina de trabalho delas começa à meia-noite ou uma hora da manhã, quando saem de casa deixando filhos e maridos dormindo para ocuparem seus postos de trabalho na Ceasa em Maracanaú, quer sejam como permissionárias, quer sejam como vendedoras, conquistando cada vez mais espaço no mercado atacadista.

Quando a Ceasa-CE foi fundada, há 50 anos, era extremamente difícil encontrar mulheres à frente dos estabelecimentos ou até mesmo fazendo compras, tamanho era o preconceito à época, por ser um ambiente predominantemente masculino. Hoje, porém, essa realidade mudou bastante e o que se vê são mulheres tocando a grande maioria dos negócios e nos mais diversos segmentos, mudando completamente o cenário no mercado atacadista.

Vencendo o preconceito e impondo respeito

É o caso, por exemplo, de Ana Caroline Castro Freire Martins, que está na Ceasa-CE há 20 anos à frente do frigorífico da família, ao lado do marido. “Meu sogro começou o negócio, depois meu marido assumiu e eu vim trabalhar com ele. No começo foi difícil, pois meus filhos eram pequenos, mas contei com uma rede de apoio familiar que me permitiu trabalhar nesse horário diferenciado. Trabalhar no frigorífico sempre foi tranqüilo, pois mesmo sendo um ambiente masculino, nunca sofri preconceito ou fui desrespeitada,” diz ela. Ana Caroline hoje conta com a ajuda do filho Guilherme.

Ana é gestora de um frigorífico há 20 anos

Também trabalhando em um frigorífico, Adriana Gomes chama a atenção pelos cabelos grisalhos, os olhos profundamente azuis e a competência no que faz. “Para mim, trabalhar na Ceasa em um frigorífico é normal, como qualquer outro local de trabalho. Foi o emprego que consegui na época que precisava arrumar um e gosto muito dele. No começo, os colegas falavam que eu não sabia fazer nada, que isso era coisa de homem, mas com o tempo eu superei, mostrei que era coisa de mulher também e hoje sei fazer bife melhor que qualquer um deles e tenho o respeito de todos os colegas,” conta ela.

Adriana conquistou o respeitos de outros permissionários

Herdando do pai Almir Barroso, permissionário da Ceasa-CE há 50 anos, o gosto e o talento para comercializar hortifruti, Jeane Vieira Gondim, a Ane, conta que no início sofreu preconceito por ser mulher, mas quando viram que ela tinha vindo para trabalhar mesmo, passaram a respeitá-la. Ela conta que o próprio pai não queria que ela trabalhasse aqui, mas não teve jeito “Uma vez ele viajou e eu fui na Ceasa e gostei do que vi, então comecei meu negócio vendendo duas caixas de pimentão e hoje comercializo frutas e verduras na minha loja há 14 anos,” explica ela. A filha, Graziela, já trabalha com a mãe na Ceasa-CE.

Ane tem loja na Ceasa há 14 anos

Larissa Sousa trabalha vendendo laranja há nove anos na Ceasa-CE. Ela diz que chega 1h da manhã às segundas e quintas-feira e sai ao meio dia. Nos outros dias, chega às 3h e sai ao meio-dia. “No começo, sofri com piadinhas de alguns machistas daqui, mas com o tempo eles perceberam que eu vim para trabalhar mesmo, gostava do meu trabalho e trabalhava muito bem e hoje todos me respeitam,” diz ela.

Larissa trabalha há noves anos na Ceasa

Quem plantou esforço, colheu sucesso

Carla Brasil, permissionária da Ceasa-CE há 28 anos, comercializa embalagens em um outro estabelecimento e depois acabou ficando com a loja. Ela diz que a Ceasa-CE é uma benção na vida dela. “Conheci meu marido na Ceasa, tive e criei meus três filhos na Ceasa, casei na Ceasa e por isso eu amo a Ceasa. Hoje, eu, meu marido e os meus três filhos trabalhamos na nossa loja na Ceasa”, explica. Carla conta que no começo sofreu preconceito por ser mulher, mas ela diz que não se deixou abater e seguiu em frente. “No início, os homens queriam mostrar que a gente não tinha vez, mas eu não dei a mínima e segui em frente. Hoje, graças a Deus, nosso negócio só prospera,” explica ela.

Para Carla, a Ceasa também representa família

Com 30 anos de Ceasa-CE comercializando frutas, Rosa Soares conta que nunca sofreu preconceito na central de abastecimento por ser mulher, mas diz que falta um pouco de respeito por parte de alguns homens, de um modo geral, com as mulheres. “Quando cheguei de Boa Viagem, minha família toda trabalhava aqui e meu primo me chamou para ajudar. Eu vim, trabalhei com ele e depois comecei a vender com uma prima que tinha um módulo e depois consegui o meu próprio módulo,” diz ela. Dos três filhos de Rosa, apenas Luana trabalha com ela há dez anos na Ceasa-CE.

Rosa atua há 30 anos comercializando frutas

Por conta do horário diferenciado, Nádia Gomes, que vende frutas há dez anos na Ceasa-CE, diz que sentiu um pouco de preconceito quando começou por ser um setor predominantemente masculino e porque para a mulher era difícil sair na madrugada para trabalhar e deixar os filhos em casa. Mas, agora após dez anos, Nádia sente que o preconceito melhorou muito “A presença das mulheres está bem maior agora e, por isso, e porque mostramos o nosso valor no trabalho, hoje não existe preconceito e os homens nos respeitam,” explica ela.

Nádia destaca o aumento de mulheres na Ceasa

Maria Célia Ferreira é permissionária na Ceasa-CE há 22 anos, vendendo romã, uva, acerola e caju. Ela conta que foi muito difícil no começo, mas ela nunca pensou em desistir. “Pra mim, foi um grande desafio por ser mulher e por ter vindo sozinha de Petrolina, quando me separei do meu marido, tentar a vida em Fortaleza. Eu vim para conquistar minha independência financeira e conquistei. Muitas vezes fui rejeitada, ignorada, por ser mulher e ser sozinha. Mas, nunca desisti da luta, pois sabia que eu era capaz e nunca me deixei abater pelas críticas e preconceitos,” destaca ela.

Maria Célia destaca a conquista da  independência financeira

Apesar do horário diferenciado, do cenário diferente que elas encontraram para trabalhar, essas mulheres hoje são muito bem sucedidas em seus negócios e realizadas com a profissão que escolheram. E mais: na grande maioria dos casos, os negócios passam de pais e mães para filhos e filhas, mantendo a tradição familiar dentro da Ceasa-CE.