Enem: estudante supera desafios de saúde e conquista sonho da aprovação em Direito
7 de fevereiro de 2024 - 14:58 #Ana Daline #Aprovação #Enem #superação
Bruno Mota - Ascom Seduc - Texto
Arquivo pessoal - Foto
O interesse de Ana Daline do Nascimento Cartaxo pelo mundo das leis começou ainda na infância. Hoje com 18 anos e recém-egressa da Escola de Ensino Médio (EEM) Ana Facó, em Beberibe, a jovem lembra que desde os 7 tem inclinação por esta área. Não à toa, escolheu o curso de Direito como primeira opção para o Ensino Superior. Após uma árdua jornada, que incluiu a recuperação de um quadro sério de saúde, obteve a sonhada aprovação na Universidade Federal do Ceará (UFC), pelo sistema de cotas para alunos de escolas públicas, após prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2023.
Justamente quando estava na 3ª série, em meio a uma rotina consistente de estudos, Ana precisou interromper as atividades por estar sentindo fortes dores, que resultaram em uma internação hospitalar, em maio de 2023, faltando poucos meses para o esperado Exame. Tratava-se de uma crise de fibromialgia e artrite reumatoide, duas doenças autoimunes com as quais a jovem foi diagnosticada na adolescência. A alta veio 15 dias após, e a recuperação continuou em casa por mais uma semana.
Um parêntese. Nos dias que passou em casa repousando, após a liberação do hospital, Ana recebeu um comunicado do Senado Federal informando que havia sido classificada para participar do Programa Jovem Senador, que é um concurso nacional de redação, promovido pela Casa legislativa. A ação seleciona, anualmente, jovens de todo o Brasil para vivenciar uma experiência legislativa de uma semana, em Brasília. Autores dos melhores textos, sendo um representante de cada estado da federação, passam pelo processo de discussão e elaboração de projetos de lei, simulando a prática dos parlamentares. Em agosto, Ana Daline viajou à capital do país e cumpriu com a agenda do Programa.
“O Programa Jovem Senador foi muito positivo, pois demonstrou o grande potencial que eu tinha como estudante da escola pública. Sempre procurei ter acesso às informações que envolviam a política no meu país. Meu protagonismo na rede pública foi efetivado no momento em que eu decidi que queria me aprofundar no aprendizado e servir de exemplo aos outros estudantes”, menciona.
Retorno aos estudos
Após sentir-se em condições de voltar a frequentar a escola, passados cerca de 20 dias da internação, Ana não estava mais com a mesma disposição para estudar. Mesmo assim, procurava absorver o conteúdo que via nas aulas da forma como podia, tendo adaptado a rotina de acordo com as restrições físicas. Face à situação, vendo-se ainda debilitada no decorrer dos meses, sentiu que o sonho de ir para a universidade foi aos poucos desvanecendo, chegando quase ao ponto de ser esquecido. Mas, com o incentivo constante da comunidade escolar, além de muita determinação, Ana superou a desconfiança e conquistou o objetivo. Agora, a jovem se mobiliza para iniciar uma nova fase, com ânimo renovado e sensação de vitória.
“Enfrentei bastantes dificuldades. Em 2021, no meu primeiro ano de Ensino Médio, descobri que tinha as duas doenças. Isso me afetou de forma grandiosa. Mas, com a força vinda da minha família, amigos e professores, consegui enfrentar a situação. Durante a minha internação, a escola se mobilizou. Professores e núcleo gestor me mandavam mensagens constantes de motivação. Durante o período de repouso em casa, todos mantiveram contato comigo, querendo saber do meu estado físico e emocional, vendo como seria a melhor maneira de eu me readaptar à escola, de me atualizar nos conteúdos”, relembra.
“Minha escola sempre foi bastante compreensiva e acolhedora, entendendo muito bem as minhas limitações, mas nem por isso me colocando num nível abaixo dos outros alunos. Na verdade, os professores sempre estavam dispostos a tirar as minhas dúvidas, mesmo que não fosse presencialmente, e sempre me ajudavam a continuar diante das dificuldades”, complementa.
Outro ponto destacado por Ana, como reforço na preparação para o Enem, foi a reciprocidade existente entre os alunos, no sentido de promover o compartilhamento de conhecimentos e, assim, facilitar a assimilação dos assuntos tidos como mais difíceis.
“Acreditem no potencial de vocês, independentemente das condições que estejam vivendo no momento, pois isso é essencial para a conquista do que sonhamos”, aconselha a jovem.