Passeio na área externa do HRSC funciona como recurso terapêutico para mães com bebês em longa internação

21 de fevereiro de 2025 - 16:05 # # # # #

José Avelino Neto / Ascom HRSC - Texto
Kátia Idalinne - Ascom HRSC - Fotos

Mãe com bebês internados na unidade apreciam a paisagem da área externa do hospital junto aos pequenos

Passear pode parecer um gesto simples, mas para quem está internado em um hospital, sair do quarto e ver o mundo lá fora, tem um poder renovador. Este tem sido o resultado encontrado no Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), em passeios pela área externa realizados com as mães de recém-nascidos com baixo peso internados no equipamento, em Quixeramobim.

A proposta tem trazido bons resultados, como controle dos níveis de estresse e o alívio de quem sonha em voltar para o aconchego do lar. Maria Livânia Silva é prova disso. A doméstica de 34 anos passou mais de três semanas no HRSC depois que sua segunda filha, Laís, nasceu prematura e com baixo peso. “Não é uma situação fácil, tem horas que bate um desespero, uma vontade de ir para casa”, diz ela.

Situações como a da pequena Laís geram um período de internação é maior. Diante dessa realidade, a equipe passou a propôr passeios com as puérperas e os filhos, em horários apropriados, na área externa do hospital. “Esse momento possibilita descomprimir o fato de elas precisarem ficar tanto tempo no leito”, pontua Kátia Idalinne, coordenadora de enfermagem do Eixo Neonatal do HRSC.

“Para quem passou três semanas aqui, o passeio é bom porque você sente o ar lá fora, respira um pouquinho, vê o verde, sente que tem vida lá fora”, diz Maria Livânia. Depois da “voltinha” na companhia de outras mães, Livânia até voltou a sorrir. “Achei tão bom o passeio e agora vou ver o verde da janela da minha casa”, completa a doméstica.

Os passeios são feitos com mães do espaço Canguru acompanhadas de profissionais 

Recurso terapêutico

Daniele Andrade Silva, 18 anos, veio de Paramoti depois que Noa, seu primeiro filho, foi diagnosticado com baixo peso. Passou um mês e 13 dias internada no HRSC e sentiu o quão foi positivo passear com as outras mães. “Depois daquele dia, a gente foi ver as coisas lá fora, ver o movimento, eu me senti melhor. Vi as pessoas, me deu saudade da minha casa, e agora graças a Deus, estou voltando para o meu cantinho”, relata, após receber alta.

Os passeios são feitos com mães do espaço Canguru, local onde ficam as puérperas e os recém-nascidos que recebem alta da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI Neo). No Canguru, elas precisam ficar a maioria do tempo com o filho sobre o corpo. “No contato pele a pele o bebê fica menos irritado, o que é importante já que o choro e a irritação fazem o bebê gastar energia e comprometem o ganho de peso”, explica Kátia Idalinne.

A estratégia de contato corporal implica numa espécie de confinamento. Para aliviar as consequências, Carla Vida, psicóloga do HRSC, explica que o passeio funciona como um recurso terapêutico e de humanização. “A mudança de ambiente, livre dos estímulos que despertam a sensação de desconforto da vivência hospitalar e distanciamento da família, é uma oportunidade para as mães expressarem suas emoções e fortalecerem seus recursos de enfrentamento”, pontua a psicóloga.