Acolhimento e humanização marcam 4ª operação de recepção a brasileiros repatriados dos EUA realizada no Ceará
28 de março de 2025 - 16:42 #4ª Operação #acolhimento #aeroporto de Fortaleza #Repatriados dos EUA
Gabriela Vieira - Ascom Sedih - Texto
“Quando tudo aconteceu eu me desesperei, estava a ponto de receber uma promoção, estava me estabilizando. Construí tudo sozinho, com meu próprio mérito. Estava feliz no meu emprego e foi um choque”. Esse é o relato de J.W., cearense de 39 anos que há 15 vivia nos Estados Unidos. Ele é um dos 104 brasileiros repatriados dos EUA que pousaram em Fortaleza nesta sexta-feira (28) e foram recepcionados por ação interinstitucional de acolhimento. A Secretaria dos Direitos Humanos do Ceará (Sedih) participou pela 4ª vez desse tipo de operação, que iniciou em fevereiro na capital cearense.
Vivendo na cidade de Asheville, no estado americano da Carolina do Norte, J.W. já foi casado com uma americana, fez faculdade de Ciências nos EUA e trabalhava como gerente em um hotel. Com as restrições para migrantes estabelecidas pelo governo norte-americano, ele e outros brasileiros têm sido repatriados no Brasil.
“Fui de um dia sentado no escritório, trabalhando no computador, para no outro dia estar sendo levado para um centro de detenção. Eu não estava planejando voltar agora, foi algo interrompido. Mas eu gosto muito de inglês, então vou tentar abrir uma escola do idioma, quero trabalhar com isso”, afirmou o cearense.
Repatriados
Nesta sexta-feira (28), o voo de repatriados que chegou em Fortaleza tinha 79 homens e 25 mulheres. Sete eram crianças e jovens entre 0 e 18 anos e não haviam pessoas idosas. Segundo a Polícia Federal, quatro passageiros que desembarcaram em Fortaleza têm restrições na Justiça brasileira. Do grupo total, 77 seguiram para Belo Horizonte em avião da Força Aérea Brasileira (FAB).
A chegada dos voos em Fortaleza foi priorizada devido à existência do Posto Avançado de Atendimento Humanizado ao Migrante (PAAHM), no Aeroporto de Fortaleza, além da redução do tempo de restrição física dos repatriados. Este é o quarto voo que chega em Fortaleza, tendo os demais chegado nos dias 7/2, 21/2 e 17/3.
Acolhimento
A Secretaria dos Direitos Humanos do Ceará (Sedih) participa das ações de acolhimento a brasileiros repatriados dos EUA que acontecem em Fortaleza a fim de contribuir com a recepção humanizada. Aqueles que chegam na capital cearense contam com apoio e articulação da equipe multidisciplinar do Programa Estadual de Atenção ao Migrante, Refugiado e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas da Sedih, que conta com Posto Avançado de Atendimento Humanizado ao Migrante (PAAHM) no Aeroporto de Fortaleza.
A partir de articulação da Secretaria dos Direitos Humanos, os repatriados recebem kits de higiene pessoal básica, além de kits de alimentação e água. A equipe da Secretaria contribui ainda com atendimento psicossocial e apoio para a celeridade do processo migratório.
“Agora chegam na terra natal deles, onde nós os estamos acolhendo com muita atenção. Aqui nós os recebemos com alimentação, com grupo de assistentes sociais e psicólogos. Fazemos uma abordagem onde é possível identificar de onde eles são e qual o destino final. É exatamente isso que o Governo do Ceará tem feito: acolher e fazer com que a partir desse acolhimento a gente tenha os encaminhamentos devidos”, pontuou a secretária dos Direitos Humanos do Ceará, Socorro França.
Operação interinstitucional
Coordenada pelo Governo Federal com atuação interministerial, no Ceará a operação de acolhida conta com apoio do Governo do Ceará com equipes, além da Sedih, da Secretaria da Proteção Social (SPS) e da Secretaria da Saúde (Sesa). A operação contou ainda com colaboração da Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS) de Fortaleza e de outras instituições estaduais como a Centrais de Abastecimento do Ceará S/A (Ceasa-CE) e a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece).
Representantes do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), Ministério da Saúde (MS), Ministério das Relações Exteriores (MRE), Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Ministério da Defesa (MD) e Polícia Federal (PF) integram a ação por parte do Governo Federal. A Defensoria Pública da União (DPU), o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) e a Agência da ONU para Migrações (OIM) também participam diretamente da operação.