Programa de pesquisa da Escola de Gastronomia Social recebe inscrições para processo seletivo

10 de junho de 2025 - 13:35 # # #

Ascom Escola de Gastronomia Social - texto e fotos

O Laboratório de Criação em Cultura Alimentar e Gastronomia recebe inscrições de projetos de pesquisa até 22 de junho. Os selecionados receberão bolsa de apoio e mentoria de especialistas.

A Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco (EGSIDB), instituição da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará gerida pelo Instituto Dragão do Mar, está com inscrições abertas para a seleção de projetos de pesquisa do 8º Laboratório de Criação em Cultura Alimentar e Gastronomia. As inscrições são gratuitas e poderão ser realizadas até 22 de junho.

O Laboratório de Criação é um processo formativo que envolve pesquisa, desenvolvimento e inovação em cultura alimentar e gastronomia. No total, serão selecionados até três projetos. Os selecionados receberão bolsa de apoio, orientação de mentores que conduzirão a qualificação dos projetos, oficinas e palestras. As atividades acontecem de forma on-line e presencial. Por não ser um curso, o Laboratório possui uma dinâmica própria de funcionamento com formações, imersão ao campo de pesquisa, orientações, relações institucionais e suporte para o desenvolvimento de produtos ou tecnologias. No total, 24 projetos de pesquisa já passaram pela EGSIDB.

“Nossa expectativa é receber propostas que tenham possibilidade de resultar em produtos alimentícios, utensílios e tecnologias sociais que fortaleçam a cultura alimentar e a gastronomia no estado do Ceará”, ressalta Vanessa Moreira, coordenadora de cultura alimentar da EGSIDB.

Os interessados devem ter idade mínima de 18 anos, residência comprovada no estado do Ceará por no mínimo três anos e cadastro válido no Mapa Cultural do Ceará. Será garantida uma vaga para pessoa autodeclarada negra (preta ou parda) e terão prioridade os candidatos que integrem e/ou representem coletivos, comunidades, associações, cooperativas e grupos, formais ou informais, vinculados às áreas de Cultura Alimentar e Gastronomia Social e áreas afins, que tenham potencial de dividir, difundir e levar à implementação dos resultados das pesquisas desenvolvidas.

Confira as pesquisas

Romanova – Paola Romanova
A Romanova transforma chocolate em experiência sensorial, conectando o cacau do Vale do Jaguaribe à cultura alimentar cearense. Inspirada na art nouveau do Teatro José de Alencar, a linha bean to bar combina cacau com ingredientes locais, como caju, castanha e farinha, criando sabores exclusivos. O projeto explora o conceito de um chocolate vegano e autoral, ressignificando a relação entre terroir, identidade e inovação gastronômica. Essa jornada nasce da pesquisa de Paola Romanova, desenvolvida na 7ª edição do Laboratório de Criação da Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco, em parceria com o Programa de Pós-graduação em Gastronomia da Universidade Federal do Ceará e a empresa Cacau do Ceará. Com a mentoria de Paulo Henrique Machado, professor e pesquisador da UFC, o trabalho busca incentivar a produção bean to bar no Ceará, fortalecendo o uso do cacau local em produtos de alto valor agregado.

Cogumetria – Daniel Muskito
A pesquisa de Daniel Muskito explorou o potencial dos cogumelos alimentícios no Ceará, unindo ciência, arte e gastronomia. O cineasta e micólogo iniciou sua jornada coletando e identificando cogumelos silvestres, aprofundando-se na micologia e na sua relação com a cultura alimentar cearense. Seu estudo busca aprimorar o cultivo, reduzir custos de produção e valorizar a biodiversidade fúngica local, ampliando as possibilidades gastronômicas com esses ingredientes. Entre os resultados estão realçadores de sabor que capturam a essência do umami nordestino, escabeches que transformam a delicadeza dos fungos em memória gustativa e materiais educativos sobre micologia. Além disso, um conjunto de cartões postais ilustrados reúne informações sobre as espécies comestíveis do Ceará, tornando a micologia acessível e trazendo um olhar menos hostil à ingestão de cogumelos. Com a mentoria de Jorge Ferreira, a iniciativa promove o reconhecimento dos cogumelos em trilhas e ambientes naturais, fortalecendo a segurança alimentar e aproximando esse universo subterrâneo das cozinhas cearenses.

Lavida – Maria Laís Santos
Localizada em Santana do Cariri, na Floresta Nacional da Chapada do Araripe, a Lavida desenvolve méis que carregam a identidade do território e das mãos que os cultivam. Com méis como Cipó Uva, Vassourinha-de-Botão, Cidreira Brava e Visgueiro, a pesquisa busca caracterizar as floradas locais e destacar a relação entre terroir e identidade gastronômica. A produção do mel é fruto do olhar atento de uma família que aprendeu a seguir os caminhos das abelhas e perceber as sutis mudanças de rota que cada florada imprime no sabor e na textura do mel. Com a mentoria de Edy Sousa de Brito e Ricardo Elesbão Alves, pesquisadores da Embrapa Alimentos e Territórios, o projeto une ciência e tradição, promovendo a apicultura como elo entre conservação ambiental e sustento das comunidades locais.