Homenagens e luta por direitos feministas marcam comemoração ao Dia das Mulheres

9 de março de 2020 - 14:32 # # # #

Fhilipe Augusto - Texto
Ariel Gomes e Thiara Montefusco - Fotos

As colaboradoras da Casa Civil do Ceará tiveram uma manhã de trabalho diferente, nesta segunda-feira (9), em virtude ainda das comemorações que marcam o Dia Internacional das Mulheres – 8 de março. Elas fora recebidas com um café da manhã, participaram de homenagens a trabalhadoras que atuam no serviço público em áreas predominantemente ocupadas por homens e assistiram a uma palestra sobre a luta histórica de mulheres pela aquisição de direitos na sociedade. O momento contou com a presença da primeira-dama do Estado, Onélia Santana.

Duas servidoras foram escolhidas para representar o potencial que a mulher tem para ocupar qualquer espaço no mercado de trabalho e na sociedade, independentemente se este seja tradicionalmente preenchido por homens. Foram elas a tenente-coronel Micheline Vasconcelos, que ingressou na Polícia Militar em 1994, época marcada pelo ingresso feminino na corporação, e a titular da Secretaria da Fazenda do Ceará, Fernanda Pacobahyba, primeira mulher a assumir a pasta no estado.

Onélia Santana enalteceu o simbolismo do posto ocupado pelas homenageadas. “Vocês estão aqui porque ressaltam a importância de grandes mulheres que prestam serviço ao nosso Estado. A Micheline, dentro de uma academia de tantos homens, e a Fernanda, depois de 182 anos da Sefaz, uma mulher à frente de uma pasta tão complexa e importante para o nosso Estado. Parabéns pelo trabalho e serviço prestado aos cearenses”, pontuou a primeira-dama.

A tenente-coronel Micheline Vasconcelos agradeceu a homenagem e a dedicou às companheiras de farda. “Em nome de todas as mulheres integrantes da segurança pública do Ceará agradeço essa homenagem. Ontem foi o Dia Internacional das Mulheres, mas nós sabemos que o nosso dia são todos os dias”, comentou.

Já Fernanda Pacobahyba, aproveitou o momento para fazer uma reflexão sobre paradigmas que persistem em estigmatizar a caminhada feminina. “Gosto de trazer a reflexão sobre qual é o nosso papel e o que talvez podemos melhorar. Fui fazendo uma reflexão sobre a minha vida e fiquei imaginando uma série de frases que me foram ditas por mulheres e que foram extremamente preconceituosas. Se eu tivesse acreditado talvez eu não estivesse aqui. A gente precisa refletir e ter muito cuidado com o que a gente tem falado para as meninas e os meninos, porque muitas vezes essa violência vem enrustida e fortalecida por uma fala da mãe, que é preconceituosa, e depois a gente não sabe de onde vem a violência. Se estou aqui é sinal que não foram essas frases que ajudaram a me definir, foram frases como as ditas pela minha mãe, que dizia que ‘você pode ser o que você quiser’, ‘você não vai depender de homem’, é que de fato me definem”, enfatizou a titular da Sefaz.

Luta antiga e constante por equidade

Para finalizar a programação especial, a professora doutora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Juliana Diniz, trouxe uma recuperação histórica da trajetória da mulher na política e o caminho percorrido na busca por um maior protagonismo político delas nos executivos, parlamentos, judiciário e espaços de poder formal como um todo.

“A gente tem, pelo menos, dois séculos de luta feminina que começou pelo movimento sufragista buscando o reconhecimento do direito feminino ao voto, ainda no Século 19, e isso fez nascer os primeiros movimentos de mulheres. Ao longo do Século 20, essa pauta que era inicialmente política foi se alargando para o reconhecimento de outros direitos, como o direito ao corpo, à liberdade sexual, até que essa pauta foi se ramificando para o debate sobre igualdade no mercado de trabalho, ou seja, para além do espaço estritamente político”, explicou a palestrante.

Para Juliana Diniz, muita já foi conquistado, mas é preciso continuar lutando para que direitos não sejam retirados e novos ganhos sejam contabilizados pelas mulheres. “Nós já tivemos conquistas muito significativas. Hoje, você tem a participação feminina nos mais variados espaços, no entanto, ainda com índices de participações inexpressivas. Por exemplo, o Brasil é um dos países que tem a participação feminina na política mais baixa da América Latina. Isso quer dizer que a gente precisa ainda lutar e reivindicar muitas ações afirmativas para que mais mulheres possam ocupar esses espaços”, destacou a professora.