Exposição “Fé e Esperança”, de Descartes Gadelha, lança olhar sobre cultura popular e pandemia

22 de fevereiro de 2022 - 17:09 # # # # # #

Monique Linhares - Ascom Cineteatro São Luiz

Com a proposta de oferecer a apreciação da arte que traduz com maestria tempos nebulosos e difíceis, o Cineteatro São Luiz, equipamento da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult Ceará) gerido pelo Instituto Dragão do Mar (IDM), traz Descartes Gadelha com o lirismo e realismo da exposição “Fé e Esperança”, a ser lançada virtualmente no site do São Luiz, dia 25 de fevereiro, às 18h.

“Descartes Gadelha, munido apenas de seus pincéis, consegue com sua arte fazer vacilar a marcha pesada da sina que se abate sobre todos nós, nos últimos anos”, sintetiza Maria Inês Pinheiro Cardoso, professora do Curso de Letras, da Universidade Federal do Ceará (UFC), convidada a escrever sobre a exposição.

Atravessada de dor, mas também de fé na espera de dias melhores, a pandemia da Covid-19 é pano de fundo para a série criada pelo artista. A exposição reúne mais de 30 quadros, pintados ao longo dos últimos dois anos, que sobrepõem memórias, sonhos e, sobretudo, a observação do real.

“Em meio aos personagens, as crianças são crianças… e brincam, os santos, santos são, e os homens e mulheres, como os outros, são sobreviventes agarrados à esperança de que a vida vencerá. A fé e a esperança são soberanas em todas as pinturas, o pintor sabe disso, cada vez que se debruça sobre o povo”, observa a professora convidada.

A obra reflete a trajetória de Descartes Gadelha, um artista septuagenário que atravessou graves problemas de saúde e se mantém vinculado intensamente à vida e à arte. Como bem descreve a professora Inês Pinheiro, “seu olhar, profunda e inquietantemente humano, enxerga claramente as injustiças sociais e elege como protagonistas de sua arte, as gentes invisíveis, a população do Brasil real que, perseverantes em meio às dificuldades, seguem suas vidas, vez por outra, lançando olhares desafiadores, como que inquirindo quem os olha, mas, jamais descuidados do seu próprio viver”.

Com curadoria de Andrezza Gadelha Sampaio, Fotógrafa e Artista Visual, a exposição “Fé e Esperança” entra em cartaz no site do Cineteatro São Luiz dia 25 de fevereiro, às 18h, na área de Exposições da Programação online do equipamento.

Sobre a exposição

Em “Fé e Esperança” o tempo atravessa a vida: O bumba-meu-boi, o Papai Noel, a Festa de Reis e o Maracatu carnavalesco vão dando conta da permanência das máscaras. Mas, o Circo, a Fé, em suas diversas manifestações, o imaginário do nosso povo, tão ligado ao Padre Cícero e a Maria, mãe e advogada dos homens, como às histórias desses nômades do cangaço, os bichos e as brincadeiras infantis dão conta de um contra-tempo, de um tempo imemorial e simultâneo e, por isso, impossível de medir-se pelo calendário ou relógio.

O artista Descartes Gadelha

Nascido em Fortaleza no dia 18 de junho de 1943, Descartes Gadelha é considerado um artista expressionista. Sua temática aborda com lirismo os principais traços do comportamento de personagens de vivência mais sofrida, além dos perfis sociais em que se inspirou durante sua trajetória artística. Observador do cotidiano, o artista de interpretação sempre optou por personagens populares do Nordeste.

O artista cresceu próximo ao porto da praia Formosa, tornando-se um apaixonado por jangadas. Autodidata, torna-se pintor, escultor e músico, iniciando-se na pintura em 1962, orientado por Zenon Barreto.

Sua primeira exposição foi no Mauc, em 1963, na coletiva “A paisagem cearense”. No mesmo ano participou da coletiva “Pintores do Nordeste”, na inauguração do Museu de Arte Popular na Bahia. Ficou em primeiro lugar no Salão de Abril em 1964 e 1965, em Fortaleza. Em 1967, recebe Menção Honrosa no 1° Salão Nacional de Artes Plásticas do Ceará. Em 1971, realiza individual de inauguração da Galeria Portinari, em Fortaleza e em 1999, na reinauguração do Museu de Arte da UFC, entre outras exposições realizadas.

Destacou-se pela criação de pinturas, xilogravuras, peças em bronze e argila que retratam a resistência sertaneja da Guerra de Canudos (1896 – 1897), inspirado na obra “Os Sertões” de Euclides da Cunha (rebelião ocorrida no arraial de Canudos, no Nordeste do estado da Bahia, liderado por Antônio Conselheiro). Dedicou-se aproximadamente 30 anos a essa criação, ligando-se emocionalmente à tragédia, expondo o resultado “Cicatrizes Submersas: uma ilustração de Canudos” em 1997 no Palácio da Abolição.

Serviço

Lançamento da exposição “Fé e Esperança” de Descartes Gadelha

Quando: 25 de fevereiro de 2022 / 18h

Onde: site do Cineteatro São Luiz – https://www.cineteatrosaoluiz.com.br/exposicoes