Museu de Arte Contemporânea do Ceará encerra exposições “Quilombo Cearense” e “Poço 115: rastros na cidade” neste final de semana

16 de abril de 2022 - 09:34 # #

Ascom Dragão do Mar Texto

No próximo domingo (17), o Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE), equipamento da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará que integra o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, gerido em parceria com o Instituto Dragão do Mar, se despede das mostras “Quilombo Cearense” e “Poço 115: rastros na cidade”. Em seus últimos dias em cartaz, as mostras podem ser visitadas gratuitamente, até domingo (17), das 10h às 19h (acesso até as 18h30).

O acesso é condicionado à apresentação do passaporte sanitário completo para pessoas com idade a partir de 12 anos (com 3ª dose a partir de 18 anos) e de documento de identificação com foto, além do uso de máscara, cuidados alinhados aos protocolos de biossegurança orientados pelo Governo do Ceará, por meio do decreto estadual em vigência.

Conforme Cecília Bedê, gestora do MAC-CE, ao longo de quase quatro meses, as mostras apresentaram recortes artísticos que possibilitaram uma aproximação entre o Museu, a comunidade acadêmica e a sociedade, ambas provocando reflexões sobre memória, identidade e representatividade, perpassando questões sociais relevantes.

Quilombo Cearense

Ocupando os pisos inferior e superior do Museu, “Quilombo Cearense”, que tem curadoria de Guilherme Marcondes e conta com a assistência técnica de Maíra Abreu e Hailla Krulicoski, reúne obras do acervo do MAC Dragão e de artistas convidadas que, a partir deste recorte, lançam luz sobre o processo de construção da memória artística de artistas não-brancos que compõem o acervo do Museu. Desde 2018, na sua pesquisa de pós-doutorado (PNPD/CAPES) no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual do Ceará (PPGS/UECE), Marcondes vem investigando qual é o papel da racialidade e do gênero no processo de legitimação de artistas negros da arte contemporânea.

Como desdobramento desta pesquisa, em 2019 o curador passou a analisar a presença de pessoas não-brancas no acervo do MAC Dragão. Partindo da ideia que os museus são locais privilegiados de preservação da memória, segundo Marcondes, cabe investigar que memória é essa que vem sendo perpetuada, de quem é essa memória e pra quem e como ela está sendo apresentada. A partir do levantamento baseado na autodeclaração dos artistas e nas informações coletadas em bancos de dados como a Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, no caso de artistas já falecidos, o pesquisador definiu um recorte de 27 artistas autodeclarados não-brancos, indígenas, afroindígenas e orientais.

Maíra Ortins, Francisco Bandeira, Linga Acácio, Felipe Barbosa, Siegbert Franklin, Jarvis Quintero, Manfredo Souzanetto, Caetano Dias, Efrain Almeida, Herbert Rolim, Simone Barreto, Diego de Santos, Tomie Ohtake, Bosco Lisboa, Thiago Martins de Melo, José Carlos Viana, Marcelo Gandhi, Francisco de Almeida e Rafael Limaverde, do Acervo MAC Dragão, Antônio Bandeira, Aldemir Martins, Chico da Silva e Raimundo Cela, com obras do acervo da Secult Ceará, e as convidadas Maria Macêdo, Maria Cecília Felix Calaça e Terroristas del Amor somam mais de 50 obras, entre séries e individuais, entre pinturas, instalações, esculturas, desenhos, gravuras, aquarelas e outros.

Poço 115: Rastros na Cidade

Também fruto da tese acadêmica de Felipe Camilo, intitulada “Comunidade Visível: Narradores de Imagens e Memórias do Poço da Draga” e da parceria com Álvaro Graça Júnior, sob coordenação da Profa. Dra. Cristina Maria da Silva, do Grupo de Estudos e Pesquisas Rastros Urbanos, da Universidade Federal do Ceará, “Poço 115: Rastros na Cidade” é uma exposição coletiva que ocupa simultaneamente o piso inferior do MAC Dragão e a ONG Velaumar, no Poço da Draga, integrada por Alana Brandão Moura, Álvaro Graça (Alvinho), Álvaro Graça Júnior, Dayane Araújo, Felipe Camilo, Ivoneide Gois, Izabel Cristina Lima, Samuel Tomé e Sérgio Rocha.

A exposição reúne fotografias dos acervos de diversas famílias da centenária comunidade do Poço da Draga – e versa sobre a relação da cidade com a praia, sobre o futebol amador, sobre infância, velhice e sobre lutas das populações litorâneas por permanência em seu território. Ao serem compartilhadas, as imagens cotidianas da vida na comunidade contribuem para a construção de um sentimento de pertencimento e para a conservação da ancestralidade de populações que, sendo majoritariamente pobres, negras, descendentes de pescadores e portuários da cidade de Fortaleza, são historicamente marginalizadas. O recorte mostra como, entre álbuns e registros de celulares, essa comunidade vai preservando memórias e afetos, resistindo ao apagamento e fazendo-se visível.

A Mostra é resultado da parceria entre o MAC-CE, a ONG Velaumar, o Laboratório das Artes e das Juventudes (Lajus) e o Grupo de Estudos e Pesquisas Rastros Urbanos da Universidade Federal do Ceará (UFC), com apoio do IFoto.

Serviço: Encerramento das exposições “Quilombo Cearense” e “Poço 115: Rastros na Cidade” no Museu de Arte Contemporânea do Ceará
Data: 17 de abril de 2021 (domingo)
Horário: das 10h às 19h (último acesso 18h30)
Local: Museu de Arte Contemporânea do Ceará (Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura – Rua Dragão do Mar, 81 – Praia de Iracema)
Acesso gratuito mediante apresentação de passaporte vacinal para pessoas com idade a partir de 12 anos (3ª dose para pessoas com idade a partir de 18 anos). Uso de máscara obrigatório