“Ficções para Corpas Insurgentes”: TJA recebe, dia 28 de junho, programação alusiva ao Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAP+

27 de junho de 2022 - 15:29 # # # # # #

Ascom TJA

A partir das 16h, sete trabalhos de performance – quatro presenciais e três videoperformances – ocupam a Praça José de Alencar numa realização do TJA (Programa Theatro Cidadão)e curadoria da Imaginários, plataforma de criação, difusão e circulação de arte contemporânea

O Theatro José de Alencar (TJA), equipamento da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult Ceará), gerido pelo Instituto Dragão do Mar (IDM), recebe na terça-feira (28), a partir das 16h, a Mostra “Ficções para Corpas Insurgentes”. Gratuita e aberta ao público, a atividade – que integra ainda o programa “Theatro Cidadão” – acontece em alusão ao Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAP+.

Em um mundo tomado por um campo onde a realidade é limitada e limitante, corpas dissidentes encontram-se no rompimento das compreensões do que é o real, e se utilizam da fabulação como um terreno fértil para brotar insurgências. A mostra “Ficções para Corpas Insurgentes” toma de assalto o dia 28 de junho para ir ao encontro da potência da ficção ao invés da captura formulada pelo sistema capitalista.

A partir das 16h, na Praça José de Alencar, sete trabalhos de performance – quatro presenciais e três videoperformances – ocupam a praça a partir de uma realização do TJA e curadoria da Imaginários, plataforma de criação, difusão e circulação de arte contemporânea, principalmente do Nordeste do Brasil.

Com curadoria realizada por Aires (travesti, artista, arte educadora, curadora e produtora cultural) e Eduardo Bruno (doutorando em Artes pela UFPA, artista, pesquisador e curador), a mostra está imersa na potência da diferença e na formulação de um discurso que se cria a partir das insurgências que falam do campo da existência ou da necessidade de se criar novas formas possíveis de existir permanecendo vivas, reivindicando a potência de vida que habita nas ficções de mundo por vir.

A mostra se afirma na necessidade de se criar espaços seguros e possíveis para existência de corpas LGBTQIAP+, trazendo diferentes formas de se pensar essas fabulações, como nos trabalhos a seguir:

“Ânsio N°2”, de Bethoveen DaSilva

Ânsio N°2 faz parte de uma série de vídeo-performances que tem como tema principal a ansiedade. Foi a forma encontrada de tornar visuais as emoções e sensações trazidas pelas crises de ansiedade, que por suas vezes reverberam no corpo ansioso, através de metáforas visuais realizadas por meio das linguagens do audiovisual e da performance.

“Des-Votos”, de Filipe Alves

Des-Votos são desconstruções do ex-voto, objeto dado pelo fiel ao seu santo de devoção em agradecimento, renovação de uma promessa ou por uma graça alcançada, realiza-se por meio deste ato uma investigação da territorialidade e a estética de casas de ex-votos. As igrejinhas ou capelinhas, assim como são chamadas, são locais que abrigam essas devoções, imagens de santos quebrados, esculturas, flores e velas acesas para que as almas encontrem a luz. A relação do corpo em peregrinação e o encontro entre o sagrado/profano, os pés descalços queimados pelo sol do sertão e as imersões nas romarias e procissões são estéticas que trago para os Des-Votos como possíveis “des- promessas” pelas graças não alcançadas.

“Museu do Amor Sapatão”, de Marília Oliveira

Ação visual-performativa em que a artista distribui santinhos informando da Inauguração do Museu do Amor Sapatão, na praça José de Alencar, em 2022. Um museu imaginado, formado pelas possibilidades imaginadas por cada pessoa que pensa, fabula, imagina um Museu do Amor Sapatão, acionado a partir do contato com os santinhos. As referências anteriores dos espectadores se engajam na especulação sobre a existência ou construção de um espaço físico, exterior, “real” que cuide da memória coletiva de um grupo social historicamente afastado dos discursos oficiais. Com a performance, questiono a mim, ao outro: o que é um museu? Imaginar um lugar é fazê-lo existir? O que é amor sapatão? Amor sapatão é material de memória? Em que medida cada sapatão é um museu – espaço institucional de memória?

“O Mar não é Binário #2 – O Farol”, de Levi Banida

Uma performer com a bandeira “Pessoas não-binárias existem” realiza um percurso quilométrico em direção a um farol, no meio da praça do Theatro José de Alencar. Ela sobe em uma escada no meio da praça. Se torna o farol. Pessoas não-binárias existem.

“Para reflorestar uma terra seca ou como construir Fortalezas”, de Maria Macêdo

O trabalho traz questões a respeito dos processos de desenraizamentos históricos causados pelo projeto de modernidade e a falsa promessa de salvação que habita os centros urbanos, as cidades. É sobre a impossibilidade de viver em solos que não fortalecem as nossas raízes, mas é também sobre as migrações, as retiradas e os currais humanos criados para impedir a chegada dos sertanejos na grande Fortaleza colonial.

“Íntima”, de Maruska Ribeiro

Numa intervenção urbana, uma exposição de calcinhas penduradas no varal com o intuito de exibir calcinhas de mulheres cis/trans usadas, furadas, desbotadas, velhas, sujas de sangue, de todas as cores e formatos.

“Receita Para Criar Novas Espécies”, de Sy Gomes

Um ser não-humano anuncia a venda de intervenções genéticas ficcionais. Leitura do texto “Receita para criar novas espécies”, anúncio vocal de um futuro anti-humano.

Serviço

Mostra “Ficções para Corpas Insurgentes”
Data: 28 de junho (terça-feira), a partir das 16h
Local: Praça José de Alencar (em frente ao Theatro José de Alencar)
Gratuito