Prematuridade no Hias: “Eu vejo a luta diária de uma equipe que não desiste do meu filho”

17 de novembro de 2022 - 16:59 # # #

Letícia Maia - Ascom Hias Texto
Letícia Maia e Divulgação Fotos

Samara Rodrigues, de 31 anos, foi surpreendida pela chegada precoce do filho, hoje assistido pela equipe do Hospital Infantil Albert Sabin

Em 15 de julho de 2022, Samuel Davi chegou, prematuramente, ao mundo. Fruto de uma gestação tranquila, o nascimento antecipado surpreendeu a mãe, Samara Rodrigues, de 31 anos, moradora do município de Itapajé, no interior do Ceará.

O início da trajetória do pequeno trouxe, além de muita alegria, alguns desafios. Transferido para Fortaleza instantes após o parto, chegou à Capital com o diagnóstico de covid-19 e apresentou, ao longo das semanas seguintes, complicações associadas à fragilidade de uma vida em desenvolvimento.

Desde então, quatro meses se passaram. De lá para cá, as equipes médicas e multidisciplinares do Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), unidade vinculada à Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), acompanham cada detalhe dessa jornada com dedicação, empenho e muito amor.

Durante a Semana da Prematuridade no Hias, mães tiveram a oportunidade de escrever, a próprio punho, mensagens dedicadas a seus filhos

“O Samuel é o meu milagre. Esperei por ele a minha vida toda. Enfrentar as intercorrências de uma prematuridade é uma experiência sem explicação. Apesar de diagnósticos e prognósticos difíceis que venho recebendo, não perco a fé. Percebo nele a vontade de viver. Eu vejo a luta diária de uma equipe que não desiste do meu filho”, declarou a mãe durante roda de conversa promovida entre familiares de bebês prematuros e profissionais do Hias.

O relato de experiência compôs a programação alusiva à Semana da Prematuridade de 2022. Na oportunidade, diversas histórias foram compartilhadas sob a escuta atenta e qualificada de psicólogos e assistentes sociais. “Essa troca é muito rica porque a maternidade para mães de bebês prematuros é cheia de particularidades. Falar sobre elas ajuda a aliviar os sentimentos”, afirmou a psicóloga hospitalar Lara Rodrigues.

Decoração lúdica

Para tornar a ação ainda mais lúdica, uma decoração temática foi especialmente preparada para alertar profissionais e responsáveis acerca da importância do cuidado integral aos pacientes, incluindo os seus respectivos familiares.

Para deixar o coração transbordar, as mães tiveram a oportunidade de escrever, a próprio punho, mensagens dedicadas a seus filhos. “Meu Noah nasceu com 30 semanas de gestação e, para mim, ele é a representação da coragem. Escrever, falar e cantar para ele é uma maneira acolhedora de registrar o meu amor e a minha gratidão pela sua existência. Esse gesto é simples, mas muito simbólico”, avaliou Iana Oliveira.

Acolhimento humano e aparato técnico
Conforme o neonatologista Fernando Benevides, coordenador médico do Bloco A, a estrutura instalada no Hias visa à qualidade do desenvolvimento dos bebês. “Em situação ideal, o prematuro deve nascer e permanecer no hospital de origem pela facilidade do contato pele a pele com a mãe. No entanto, por razões diversas, nem sempre isso é possível. Nesses casos, realizamos, aqui, tratamentos especiais em terapia intensiva, dispomos de incubadoras aquecidas e buscamos incentivar, dentro do possível, a presença constante da mãe e do pai. Isso, sem dúvida, traz inúmeros impactos positivos”, defendeu.

O especialista destacou, também, a importância do Banco de Leite Humano (BLH) do Hias. “Na ausência da própria mãe, o setor é de suma relevância para garantir a saúde dos nossos pequenos”, acrescentou.

União de esforços

De acordo com Goretti Policarpo, coordenadora médica da Terapia Intensiva Neonatal do Hias, o equipamento estadual atua de maneira integrada para garantir, de acordo com cada necessidade, a melhor assistência possível. “No primeiro semestre, mais de 50% das admissões no CTI Neonatal aconteceram em virtude da prematuridade. Nossa taxa de mortalidade é baixa em virtude da competência, do acolhimento e da união de esforços da gestão e dos profissionais”, informou.

Aprimoramento constante

Equipe assistencial do Hias participa frequentemente de capacitações para qualificar o atendimento aos pequenos pacientes e seus acompanhantes

A diretora-geral do Hias, Fábia Linhares, elencou, dentre as prioridades estabelecidas, o aprimoramento constante da assistência, sobretudo no que diz respeito ao acolhimento às mães de bebês prematuros. “A presença materna faz toda a diferença. Isso envolve a necessidade de investimentos em políticas públicas de prevenção, humanização e cuidado, além de tratamento adequado e acessível a todos”, reforçou.

Educação permanente

Nesta quinta-feira (17), o auditório do Centro de Estudos foi palco de palestras, mesas redondas multidisciplinares, relatos de experiências e discussões voltadas à humanização do atendimento.

Na ocasião, o neurocirurgião Eduardo Jucá ministrou aula voltada à neuropreservação e seus cuidados. Em seguida, profissionais de diversas áreas aprimoraram conhecimentos acerca da temática, fortalecendo o corpo clínico e assegurando um legado de aprendizagem ainda mais promissor.

17 de novembro: Dia Mundial da Prematuridade

A data foi instituída pela Fundação Europeia para o Cuidado do Recém-nascido (EFCNI, na sigla em inglês) para alertar sobre o crescente número de partos prematuros, como preveni-los, e informar a respeito das consequências do nascimento antecipado para o bebê, a família e a sociedade.

No Brasil, a partir de 2014, a organização não governamental (ONG) Prematuridade.com iniciou o movimento de sensibilização Novembro Roxo. Neste ano, o tema global da campanha é Garanta o contato pele a pele com os pais desde o momento do nascimento.

No Ceará, 11.732 bebês nasceram prematuros em 2022, até o dia 1º de novembro deste ano. Em 2021, foram 14.850. Os dados parciais são do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos do DataSUS/Ministério da Saúde.