Do sonho de empreender à alegria de conduzir o Grupo Aço Cearense: Vilmar Ferreira é um dos homenageados com a Medalha da Abolição 2023

18 de maio de 2023 - 13:17

Larissa Falcão - Ascom Casa Civil - Texto
Helene Santos e Cival Júnior - Fotos

Empresário será agraciado no dia 19 de maio, em solenidade no Palácio da Abolição, em Fortaleza

Um cearense persistente movido pela força dos sonhos, da fé e da vocação. Assim é o empresário Vilmar Ferreira, um dos quatro homenageados com a Medalha da Abolição 2023. “Todas as pessoas têm os seus sonhos. E muitos jovens querem empreender. Ser empreendedor em um país tão volátil como o nosso não é fácil. Mas as pessoas têm que buscar sua vocação, focar, acreditar e se dedicar. O principal é trabalhar, e eu me divirto trabalhando”, afirma Vilmar Ferreira.

Vilmar Ferreira nasceu em 18 de novembro de 1950, na cidade de Marco, no Sertão de Sobral, sendo o quarto dos 13 filhos de Francisco Ibiapino Ferreira e Edite Ferreira. O menino que, sob os ensinamentos e bençãos do pai e da mãe, aprendeu na agricultura a grandeza e o valor do trabalho e do tempo, transformou-se no fundador e presidente do Grupo Aço Cearense, um dos maiores do setor no Brasil e com atuação na América Latina.

Sobre a Medalha da Abolição, Vilmar ressalta que a homenagem é resultado da trajetória que contou com o trabalho e apoio de muitas outras pessoas. “A medalha é um reconhecimento ao nosso trabalho. Eu me sinto lisonjeado e quero continuar nessa parceria com o nosso estado para continuar gerando emprego, renda e destaque em nível nacional. Compartilho essa comenda com nossos funcionários, minha família e as pessoas que acreditaram na gente. Acredito que não sou o grande merecedor. É esse conjunto que participou do nosso crescimento e participou da evolução do nosso grupo empresarial”, reconhece.

Iniciado em 1984, o Grupo atualmente conta com as empresas Aço Cearense Comercial e Aço Cearense Industrial, no Ceará, e Sinobras e Sinobras Florestal, localizadas no Pará e Tocantins. Ao todo, são gerados 4 mil empregos diretos e cerca de 20 mil indiretos. A capacidade produtiva é de um milhão de toneladas/ano, com foco em inovação, capital humano e sustentabilidade.

“Sou um cearense nato e de coração, que tem muito orgulho do Ceará. Quando você sai de onde eu saí, isso [o nome do grupo] traz muito significado. Eu tenho dito à minha família que eu não considero a empresa um patrimônio da família, mas uma instituição social”, destaca Vilmar, que é casado com Luiza Caminha e pai de quatro filhos: Aline, Marie, Wander e Matheus.

O Grupo também conta com o Instituto Aço Cearense, responsável por colocar em prática atividades que proporcionam transformação e inclusão social com base na educação, saúde, cultura, esporte e empreendedorismo. O Instituto já beneficiou mais de 294 mil pessoas no Ceará, Pará e Tocantins.

Vocação

Para Vilmar Ferreira, a realidade precisa ser vista com olhos cheios de otimismo, mesmo que tudo reforce o contrário. “Venho de uma família muito humilde, com pais muito religiosos e muito humanos. Aos 15 anos e trabalhando na roça, levei um golpe de foice e minha perna jorrou muito sangue. Meu pai me colocou nos braços e disse: meu filho, que nossa senhora abençoe e nunca mais te traga para a roça. Ele me botou no jumento e me levou para casa, e nunca mais voltei para roça”, complementa.

Com o alento do pai e uma vaca que foi presente de um tio, o jovem corajoso iniciou uma trajetória que transformaria a vida dele e, décadas depois, multiplicaria oportunidades para outras famílias. “Meu pai vendeu a vaca e me deu uma parte do dinheiro. Com isso, eu comecei a criar outros animais, como galinha e porco. Aos meus 15 anos, abatia tudo isso sozinho, separava e levava para vender na cidade”, lembra.

Aos 18 anos e com uma pequena economia, o próximo passo de Vilmar foi maior, para além dos limites de tudo que conhecia até então. “Lá no Interior, eu não via muito horizonte para poder crescer. Falei para minha mãe que ia para Fortaleza, ela tomou um choque. Meu pai concordou. Coloquei a malinha na cabeça, subi em cima de um caminhão, passei a noite viajando e hoje estamos entre os maiores grupos empresariais do Ceará. Isso para mim é uma graça, não tenho dúvida que foi uma benção de Deus para uma família tão humilde como era a minha”, conta Vilmar, dizendo em tom de brincadeira, que em outros tempos a viagem para Fortaleza tinha a distância da lua.

Na Capital, Vilmar aprendeu a gostar de futebol quando conheceu o Estádio Castelão e começou a trabalhar no comércio. Depois, tentou o setor de bebidas, mas, por aconselhamento do pai, buscou outro rumo. Foi quando encontrou o aço. No setor, começou como distribuidor para a Gerdau e, em 1979, criou a Ferro Ok, um comércio voltado para a distribuição de ferro e aço em Fortaleza, que se tornaria o Aço Cearense.

Legado

Até hoje, Vilmar cumpre à risca a rotina de oração e trabalho. Dispensa computador e calculadora no dia a dia. “Está tudo na minha mente”, explica. Após tantas conquistas, ele ainda sustenta em si alguns sonhos.

“Sou um obstinado e grande defensor de uma renda maior, de um salário mínimo maior para a massa consumidora desse país. Mais de 80% da população [brasileira] é pobre e ganha abaixo de três salários mínimos. Estou frustrado com o aumento salarial que o governo [federal] deu este ano, ainda não é significativo para as necessidades. Eu gostaria que fosse mais robusto porque no primeiro governo Lula, realmente, o país cresceu muito porque a renda subiu substancialmente. Depois, com os sucessores não mantendo a mesma política salarial, o Brasil amargou um crescimento pífio”.

Segundo ele, valorizar o trabalhador também é fundamental para o desenvolvimento. “Nós, empresários, e os governos estaduais e municipais, dependemos muito da política econômica do Governo Federal. O Estado do Ceará tem tido uma safra muito boa de governos. Quem era o Estado do Ceará há duas décadas? O Ceará deu uma alavancada em nível nacional, nos posicionando bem”, ressalta.

Vilmar Ferreira diz que não tem sentido crescer sozinho. “É isso que eu batalho, que eu luto, porque todos saem ganhando. O Brasil ganha e cresce. O povo sai da miséria, da linha de pobreza. A marginalidade é fruto da pobreza. O que eu gostaria é que minha classe empresarial tivesse essa visão que eu tenho”, conclui.

Medalha da Abolição

A comenda, instituída em 1963, é concedida pelo Governo do Ceará em reconhecimento ao trabalho relevante de brasileiros para o Ceará e o Brasil. A solenidade de entrega será realizada no dia 19 de maio, no Palácio da Abolição, em Fortaleza.