“Quero dividir essa homenagem com toda a população cearense que sempre foi generosa comigo”, diz Camilo Santana sobre Medalha da Abolição

3 de maio de 2024 - 15:00 # # # #

Larissa Falcão - Ascom Casa Civil - Texto
Ascom SDA e Carlos Gibaja, Hiane Braun, Tatiana Fortes e Tiago Stille - Casa Civil - Fotos
Rosane Gurgel - Casa Civil - Vídeo

Comenda será entregue ao ministro da Educação nesta sexta-feira (3), no Palácio da Abolição

A confiança dos cearenses na liderança política de Camilo Sobreira de Santana pode ser compreendida em alguns números. Quando concluiu o segundo mandato de governador do Ceará, em 2022, a gestão de Camilo foi aprovada por 80% da população. Em outubro do mesmo ano, foi eleito Senador da República com 69,76% dos votos válidos. Licenciou-se do Senado Federal para assumir, a convite do presidente Lula, a missão de comandar o Ministério da Educação (MEC), e gerir políticas públicas de educação em um país com 47,3 milhões de estudantes.

Em reconhecimento a essa trajetória, o ministro Camilo Santana é um dos seis agraciados com a Medalha da Abolição de 2024. A comenda será entregue nesta sexta-feira (3), no Palácio da Abolição, em Fortaleza.

Sobre a homenagem, o ministro destaca: “Agradeço de forma muito especial ao povo cearense que sempre foi muito generoso comigo, me dando as oportunidades que tive. Tenho muita honra de servir ao meu país em algo que eu considero fundamental para uma nação, que é a educação do nosso povo”, afirma.

A Medalha, acrescenta Santana, é símbolo da luta em busca por liberdade e justiça social no Ceará, que foi a primeira província brasileira a libertar os escravizados, em 1884, quatro anos antes da Lei Áurea. Para ele, recebê-la reforça a responsabilidade que tem enquanto gestor público. “Quero reiterar meu compromisso de vida, por opção de servir a política e as pessoas na vida pública, para ajudar as pessoas que mais precisam”, assegura.

Onde nasce o propósito

Camilo Santana nasceu em 3 de junho de 1968, no Crato, cidade da Região do Cariri. É filho da assistente social Ermengarda Maria de Amorim Sobreira e do engenheiro civil e político cearense Eudoro Walter de Santana. Seus irmãos são Tiago, Andréa e Isabel. Camilo também é casado com a caririense, doutora em Saúde Pública e secretária da Proteção Social do Ceará, Onélia Leite de Santana, com quem tem três filhos: Pedro, Luísa e José.

Ao revisitar as lembranças do nascimento do filho, Ermengarda, 83, destaca: “Eu tive que ir para o hospital correndo porque ele nasceu antes da hora, uns quinze dias antes. Acho que ele estava querendo assumir o mundo logo”, relata.

No Cariri, Camilo testemunhou o modo de viver persistente e inventivo dos sertanejos. Pessoas que, fortalecidas na fé e na riqueza cultural, superam adversidades e prevalecem na esperança. Eudoro Santana, 87, explica que ele e a esposa desenvolveram nos filhos a consciência sobre o papel social que cada um tinha. Defender a democracia e a igualdade de direitos era algo aprendido em casa.

“Todos os meus filhos têm uma visão de mundo compatível com a nossa história de vida. Todos têm uma compreensão que nós temos responsabilidade para melhorar o mundo e trabalhar no sentido de construir um mundo melhor. Uns foram para a área da arte e cultura, que também é uma área importante para a construção de uma nova sociedade, e o Camilo foi o único a ir para a área política”, frisa Eudoro.

A família Santana descreve que os momentos juntos são compostos por melodias, brincadeiras e boas memórias. Para Luísa, 12, a música é um elo que une as gerações: “Meu pai gosta da música ʽAndar com fé eu vou, a fé não costuma faiáʼ, do Gil”, cita.

Pedro, 13, revela que se diverte com o pai desenvolvendo o raciocínio lógico-matemático. “Muitas vezes a gente brinca de bola, mas também de [jogos] de tabuleiro, é o que eu gosto mesmo de brincar com ele”, enfatiza. José, 2, ensina a todos sobre como enxergar o mundo com a imaginação da primeira infância.

Observando os netos, Ermengarda recorda: “[Camilo] chorava quando tirava 9,5 na escola, porque só queria tirar 10. Além de ser perfeccionista, Camilo sempre foi ligado à matemática, jogava xadrez, e isso é muito importante para o bom estrategista que ele é na política”, avalia.

Onélia Santana, 42, considera que o comprometimento com a causa pública é o que guia o marido em cada escolha. “Ele se dedica muito, mergulha. Eu digo que às vezes esquece até da gente para mergulhar, transformar, para fazer um mundo melhor para as pessoas, principalmente do sertão e do interior. Ele tem essa trajetória política no Ceará e, agora, no Brasil. Acreditamos que onde ele está pode transformar a vida de muita gente”, reforça.

O ministro reconhece que dedicação ao propósito de vida só é possível por conta do suporte familiar. “Agradeço à minha esposa Onélia, meus filhos, meus pais, por ter sempre me dado apoio para continuar nessa luta, trabalhando pelo meu estado do Ceará”, agradece.

Compromisso

Na juventude, Camilo Santana se formou em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal do Ceará (UFC), instituição na qual também fez mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Além disso, foi aprovado como servidor do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), onde atuou como analista ambiental e, entre 2003 e 2004, ocupou a superintendência-adjunta do órgão no Ceará. Também foi professor da Faculdade de Tecnologia do Instituto Centro de Ensino Tecnológico (Centec).

Durante a conclusão do mestrado, Camilo disputou sua primeira campanha política, em 2000, pleiteando o cargo de prefeito de Barbalha pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB). Na ocasião, ele foi chamado pela banca examinadora da UFC para defender a dissertação. “Ele foi lá, apresentou a dissertação, tirou uma nota ótima e foi embora, em plena campanha”, narra Ermengarda.

Esse episódio, segundo ela, demonstra como a trajetória do filho tem sido fundamentada no compromisso e na justiça social. “Ele foi presidente do Diretório Central dos Estudantes [da UFC]. Participava de todas as lutas de movimentos estudantis, na frente, segurando bandeiras e faixas. Muita gente pensa que o Camilo caiu do céu para ser governador. Não foi. Ele tem uma trajetória política desde a universidade, passando por todos os cargos públicos, chegando a ser governador e hoje ministro. Não foi por acaso”, defende.

Em 2004, Santana, dessa vez filiado ao Partido dos Trabalhadores, candidatou-se novamente a prefeito de Barbalha, mas não venceu. Todavia, com determinação e espírito público, ele se tornou uma das mais importantes lideranças do Ceará.

A liderança do diálogo

No Executivo Estadual, a caminhada de Camilo começa quando ele é convidado por Cid Gomes, eleito governador do Ceará em 2006, para comandar a Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA). Na oportunidade, implementou projetos que melhoraram as condições de vida dos agricultores, proporcionando linhas de crédito, equipamentos, assistência técnica e seguro safra para milhares de produtores rurais.

Em 2010, Camilo foi eleito o deputado estadual mais votado do Ceará, com mais de 131 mil votos. Porém, retornou ao Governo do Estado, dessa vez assumindo a Secretaria das Cidades (SCidades). Nisso, fortaleceu o programa “Minha Casa, Minha Vida” e grandes projetos urbanos e ambientais, como dos rios Maranguapinho e Cocó.

Conhecedor das realidades dos cearenses, Santana foi escolhido em uma convenção partidária para ser candidato ao Governo do Estado, sucedendo Cid, que concluiu o segundo mandato à frente do Executivo Estadual. Na chapa, Camilo teve como vice-governadora a ex-secretária da Educação do Ceará, Izolda Cela. Os dois foram eleitos para o primeiro mandato em 2014, sendo reeleitos em 2018, superando com folga os outros candidatos.

Durante os dois mandatos, a liderança e a coerência de Camilo foram evidenciadas na condução das políticas em diversas áreas, incluindo a consolidação dos bons resultados da educação pública cearense. Essas características, aponta Eudoro Santana, sempre fizeram parte de quem o filho é. “Ele é uma pessoa muito franca, muito tranquila. Ele sempre teve uma característica de líder. E isso foi aos poucos sendo comprovado na participação dele na vida pública”, define.

A liderança, inclusive, foi fundamental para a condução de crises como o motim de policiais militares e o enfrentamento à pandemia da covid-19, em 2020. Nesse período, Camilo demonstrava, além da firmeza nas ações, na defesa da ciência e da saúde pública, o valor do diálogo. Uma importante ferramenta não só na articulação política, mas também na aproximação com quem, segundo o ministro, mais importa: a população.

Na pandemia, por exemplo, Camilo Santana intensificou as transmissões ao vivo em seu perfil nas redes sociais, para comunicar a população sobre decretos, medidas e outras ações do Executivo Estadual. Entretanto, as lives começaram bem antes, em 2017, quando ele deu início ao que pode ser considerado uma inovação em comunicação pública.

Semanalmente, sempre às terças-feiras, o então governador conversava com a população por meio das redes sociais – e assim permaneceu até o fim do segundo mandato. Essa iniciativa se consolidou, portanto, como um canal de diálogo aberto e transparente entre gestor público e cidadão. Hoje, o perfil de Camilo no Instagram reúne 1,2 milhões de seguidores – até a publicação desta reportagem –, despontando como o ministro com mais engajamento nas redes sociais.

Pela educação brasileira

Em maio de 2023, quando visitou o Crato – sua terra natal – pela primeira vez como ministro da Educação, Camilo Santana disse em tom emocionado: “Eu sou de uma geração que acredita que o único caminho para transformar um país é a educação”, a declaração foi dada no lançamento do Pacto Nacional pela Retomada de Obras da Educação Básica.

O primeiro ano à frente do MEC foi marcado, sobretudo, pela reconstrução das políticas públicas que vão desde educação básica até o ensino superior, uma vez que diversos programas foram enfraquecidos ou descontinuados no governo anterior. Para mudar esse quadro, o ministro tem percorrido o Brasil buscando diálogo e parceria com os gestores públicos, para conhecer as realidades e pactuar compromissos pela educação.

Nesse sentido, o MEC lançou novas estratégias para melhorar a qualidade do ensino-aprendizagem nos estados brasileiros, além de ampliar o acesso à educação e permanência na escola. Dentre as iniciativas, destacam-se: Pacto Nacional pela Retomada de Obras da Educação Básica; Compromisso Nacional Criança Alfabetizada; Escola em Tempo Integral; 100 novos Institutos Federais; e o Pé-de-Meia, uma poupança paga pelo Governo Federal para apoiar a permanência dos estudantes no Ensino Médio. O fortalecimento de políticas transversais, integrando outros Ministérios, também tem sido estratégico.

Algumas dessas iniciativas têm como inspiração experiências iniciadas no Ceará, como é o caso da Alfabetização de Crianças na Idade Certa e da universalização do ensino em tempo integral na rede pública do Estado e Municípios – ambas pautadas no regime de colaboração entre Estado e Municípios.

Medalha da Abolição

A comenda, instituída em 1963, é concedida pelo Governo do Ceará em reconhecimento a personalidades que desenvolvem trabalho relevante para o Ceará e o Brasil.