Mulheres no Ceará Sem Fome: a luta de mais de quatro décadas de uma mulher negra pelos mais vulneráveis

5 de março de 2024 - 09:25 # # #

Ascom Gabinete da Primeira-Dama - Texto e Fotos

Dona Cristina França, 71 anos, é uma das fundadoras da União de Moradores do Jardim Iracema, onde hoje funciona uma Cozinha Ceará Sem Fome

Em alusão ao Dia Internacional da Mulher, o Governo do Ceará conta as histórias de algumas mulheres em suas caminhadas em prol das pessoas em situação de vulnerabilidade e que hoje integram as políticas do Programa Ceará Sem Fome. Uma delas é a Dona Cristina França, 71 anos. Mulher negra, de fala mansa e sempre sorridente, ela é uma das fundadoras da União de Moradores do Jardim Iracema, em Fortaleza. Entidade existente há 41 anos, a Umjir, como é conhecida, hoje atua como uma das cozinhas do programa.

Quem chega no saguão da Umjir se depara com um mural com diversas fotos. Entre elas, está uma do governador do Ceará, Elmano de Freitas, e da primeira-dama e presidente do Comitê Intersetorial de Governança do Programa Ceará Sem Fome, Lia de Freitas, em sua primeira visita ao que seria, futuramente, uma cozinha do programa. Dona Cristina apresenta com muita calma e cheia de memórias todos os contextos das fotos. Ao contar de sua história, ela ressalta todos os caminhos que percorreu até a fundação da entidade. Isso vai desde a sua infância em São Luis do Maranhão até sua atuação junto às causas sociais movidas pela Igreja Católica.

Ela comenta que uma de suas atuações foi com famílias de catadores no Grande Jangurussu, especialmente mulheres, na década de 1990. “Nessas minhas andanças, eu via a realidade de mulheres que catavam resíduos nas ruas. E aí foi um dos problemas que levei para a Cáritas Ceará e perguntei se não seria interessante fazermos um trabalho com essas famílias. Daí, além da igreja, tivemos que convidar os órgãos públicos e criamos o Fórum Lixo e Cidadania de Fortaleza, com as participações dos governos e suas instituições”, conta.

Dona Cristina também ressalta que esse trabalho serviu para fortalecer o papel da mulher. “A gente via o sofrimento das mulheres, porque elas eram privadas de tantos direitos. A partir de casa mesmo, onde havia o patriarcal, o homem era que decidia o que deveria acontecer e não ser discutido e refletido com as companheiras. Isso não era algo vivenciado. Mas com esse trabalho foi criando toda uma consciência, uma abrangência e uma descoberta do que a mulher deveria fazer daqui pra frente”, relata.

Como mulher e negra, ela fala sobre a importância da representatividade e da equidade de gênero. “Existem já diversas ações positivas puxadas pelas mulheres e essas iniciativas têm dado certo. Ainda estamos engatinhando, mas já se vê luz. Tanto é que antigamente não víamos os negros e negras nos espaços governamentais, nem nas universidades. São pessoas que se organizam de uma forma que está tendo condição de participarem de núcleos de discussão para o crescimento da mulher, sobretudo a mulher negra, porque infelizmente ainda precisamos de muito apoio”, ressalta.

Alimento para quem precisa

Foi com esse pensamento de ajudar o próximo, que Dona Cristina se tornou uma das fundadoras da Umjir, ao lado do seu esposo, João da Cruz, há 40 anos. Atualmente, ela é vice-presidente da entidade. “Completaremos 41 anos no dia 12 de março”, revela.

Desde o ano passado, a Umjir funciona como uma das cozinhas Ceará Sem Fome, distribuindo 100 refeições diárias para pessoas em situação de vulnerabilidade. “Está sendo positivo demais, porque a realidade da fome continua, infelizmente. E graças a Deus, a essa iniciativa e a esse jeito de olhar para os pobres, o nosso Governo Estadual então pensou nesse projeto para dar oportunuidade aos filhos de Deus terem pelo uma alimentação ao dia”, agradece.

Por fim, ela deixa uma mensagem para as mulheres, especialmente no que se refere à luta social pelos menos favorecidos. “Que cada vez mais nós estejamos unidas e não isoladas de todo esse processo político que temos enfrentado e que continuaremos enfrentado. Busquemos juntos as participações em todos esses espaços, onde tem que ter muito mais composição das mulheres para que, junto dos homens, possamos conduzir os projetos sociais e os projetos políticos”, finaliza.